Projeto de extensão visa combater fake news sobre vacinação
O projeto, que conta com a participação de variados cursos da UFMG, foi criado para levar informações seguras sobre a imunização
12 de novembro de 2024 - coqueluche, Dengue, Extensão, Imunizar, vacina, Vacinação
O projeto “Vacinação: um ato de amor”, desenvolvido em junho deste ano por professores e alunos da Faculdade de Medicina da UFMG, tem o intuito de fornecer informações confiáveis e relevantes para a população sobre as vacinas e doenças preveníveis por meio da vacinação.
A ideia da criação do projeto surgiu da percepção dos professores em relação a necessidade da divulgação de informações sobre imunizações, de forma segura e confiável, tendo em vista o momento em que a desinformação tem criado conceitos equivocados sobre o assunto.
De acordo com a professora do Departamento de Pediatria e coordenadora do projeto, Lilian Martins Oliveira Diniz, ter esse conhecimento é importante para que as pessoas possam conhecer e buscar as vacinas disponíveis e dessa forma desempenhar seu papel no cuidado com a sua saúde. Ao mesmo tempo, a divulgação de conceitos importantes sobre imunizações na comunidade, pode gerar um ambiente de mais informação e atenção à saúde.
“É importante ressaltar que o tema imunização envolve conhecimentos já adquiridos sobre doenças e vacinas existentes há alguns anos, assim como conhecimentos novos sobre doenças e vacinas recentes”, pontua a professora.
Ela complementa dizendo que “o projeto pretende reafirmar conceitos básicos referentes à vacinação, trazer informações sobre as novas vacinas e atualizar dados epidemiológicos sobre o surgimento ou controle de doenças imunopreveníveis no Brasil e no mundo”.
Além da professora, o projeto, criado em junho deste ano, ainda conta com a participação de outros professores da Faculdade de Medicina, da Escola Enfermagem e da Faculdade Filosofia e Ciências Humanas da UFMG, e alunos do curso de medicina e comunicação, e de pós-graduação do curso de Enfermagem. Além de professores da Faculdade de Medicina da UFJF.
Para o aluno do curso de Medicina, Lucas Rocha, o projeto é importante para que os profissionais de saúde estejam informados e atualizados sobre o tema através de uma fonte confiável de informações, vinculada à Faculdade de Medicina da UFMG. Além disso, ele afirma que é importante que os profissionais possam servir de disseminadores das informações sobre imunizações, em especial nesse momento em que observamos a alta disseminação de fake news.
“Com a queda da cobertura vacinal a nível nacional, creio que o projeto possa ser uma fonte confiável para a divulgação de informações sobre imunizações e quebrar paradigmas, a fim de tentar mudar este cenário”, destaca.
Lucas ainda conta que participar do projeto está sendo muito importante principalmente para o desenvolvimento de habilidades de comunicação, de trabalho em equipe multidisciplinar e de pesquisa científica. “Essas são habilidades essenciais para uma boa prática médica”, conclui.
Do início até aqui, o projeto já trabalhou com informações sobre a vacina da Dengue e da Coqueluche, trazendo todas as informações necessárias para sanar as dúvidas da população.
Dengue
A dengue é uma arbovirose transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, comum em todo o Brasil. Possui incidência sazonal, com maior número de casos entre dezembro e fevereiro, período de chuvas em grande parte do país. Suas principais manifestações são febre alta (>39°C), cefaleia, dores no corpo, erupções cutâneas, vômitos, fraqueza e dor retro-orbitária. A doença pode evoluir de forma grave e a prevenção se baseia no combate ao mosquito e aos focos de água parada como pneus, garrafas destampadas e pratos de plantas.
Atualmente existem duas vacinas contra a dengue disponíveis no Brasil: Dengvaxia® e QDenga®. Ambas são feitas de vírus vivo atenuado e previnem a infecção causada pelos quatro sorotipos do vírus: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. A Dengvaxia® tem uso liberado para pessoas entre 6 e 45 anos com infecção prévia pelo arbovírus e só pode ser encontrada nos serviços privados de vacinação. Já a QDenga® está disponível para pessoas entre 4 e 60 anos com ou sem infecção prévia pelo vírus, e está disponível no SUS para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos e nos serviços privados de vacinação para toda a faixa etária licenciada. As duas vacinas apresentam eficácia variável, envolvendo fatores como idade, sorotipo, status sorológico no início do esquema e sorotipo viral.
Confira mais informações sobre a imunização contra a dengue
Coqueluche
A coqueluche é uma doença infecciosa aguda de distribuição universal cujo agente etiológico é a bactéria Bordetella pertussis. É causa importante de morbimortalidade infantil e compromete especialmente o aparelho respiratório. A infecção pode durar de 6 a 10 semanas e a história natural evolui em três fases sucessivas: catarral, paroxística e de convalescença. O principal grupo de risco são crianças de até 6 meses de vida, as quais ainda não completaram o esquema vacinal contra a doença. A transmissão ocorre de forma direta (contato com gotículas contaminadas) e estima-se que uma pessoa contaminada possa infectar de 12 a 17 pessoas suscetíveis.
A vacinação contra a coqueluche é essencial para a proteção de crianças e adultos. O esquema vacinal é adaptado para diferentes faixas etárias e condições específicas. Para crianças menores de 7 anos, a vacinação está disponível em duas formas distintas: vacina de células inteiras (rede pública) e vacinas acelulares (rede privada). O esquema vacinal primário para essa faixa etária na rede pública consiste em três doses da vacina pentavalente, administradas aos 2, 4 e 6 meses de vida, com duas doses de reforço com a vacina DTP, aos 15 meses e aos 4 anos.
As gestantes devem receber uma dose da vacina dTpa adulto a partir da 20ª semana até 45 dias pós-parto, em cada gestação. Os profissionais e estagiários da área da saúde que atuam em unidades neonatais devem receber uma dose da vacina dTpa adulto como complemento ou reforço ao seu esquema vacinal (neste caso, a cada 10 anos). Para crianças maiores de 4 anos, adolescentes, adultos e idosos, os reforços são fornecidos exclusivamente na rede privada, através das vacinas dTpa e dTpa-VIP. Nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), as vacinas acelulares DTPa estão disponíveis para crianças menores de 7 anos apenas em casos de efeitos adversos graves com a vacina de células inteiras.
Confira mais informações sobre a vacinação contra a Coqueluche