Projeto em Moçambique capacita profissionais para reanimação neonatal
01 de agosto de 2018
Segunda fase da Missão Moçambique será em agosto
Carol Prado*
De 6 a 18 de agosto acontecerá a segunda fase da Missão Moçambique para reanimação neonatal, com o objetivo de disseminar conhecimentos atualizados relativos ao cuidado do neonato ao nascer com a finalidade de reduzir a mortalidade associada à asfixia perinatal em Moçambique.
A missão teve sua primeira fase em 2016, em Maputo, capital do país. Agora, a capacitação será em outras duas cidades, além da capital: Beira e Nampula.
Em Moçambique, as taxas de mortalidade neonatal são, em média, de 30 em cada mil nascidos vivos, chegando a 62 em algumas províncias. A maioria dos casos é secundária à asfixia neonatal, prematuridade e sepse, que é uma infecção generalizada. “Quando se discute a possibilidade de uma missão com o objetivo de diminuir a mortalidade de recém-nascidos, uma das atitudes principais é o treinamento de profissionais no atendimento ao recém-nascido”, conta a professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG (PED), Márcia Gomes Penido Machado.
O projeto é elaborado pela professora Márcia com a também professora do PED Maria do Carmo Barros de Melo, e coordenado pela instrutora do grupo executivo de Reanimação Neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Marcela Damásio Ribeiro de Castro e com a pediatra moçambicana Nilza Mussagy.
Reanimação neonatal
O programa de reanimação neonatal capacita profissionais de saúde no atendimento ao neonato. Márcia sinaliza que o primeiro minuto de vida é o mais importante e vale para a vida toda. Assim, a SBP criou o “alerta minuto de ouro”, que é a atenção caso o bebê apresente alguma dificuldade respiratória ao nascer.
Segundo a professora, cerca de 90% dos bebês respiram bem ao nascimento, e 10% precisam de ajuda para ventilação. Quando indicado, esse procedimento deve ser feito rapidamente por profissional qualificado, preferencialmente pelo pediatra. “Esse programa visa treinar profissionais médicos e não médicos, como enfermeiros e parteiras tradicionais, para garantir uma assistência adequada ao recém-nascido”, explica a professora.
A falha na respiração é chamada de asfixia perinatal, e pode ser revertida na maioria das vezes, se houver alguém treinado para agir nessa situação de emergência. “Se garantirmos o ‘minuto de ouro’ investimos na boa na qualidade para toda a vida, da infância à fase adulta”, completa a professora.
Compartilhar conhecimento
Márcia conta que em 2015 trabalhou com reanimação neonatal junto com a moçambicana Nilza Mussagy, pediatra no Hospital Central de Maputo, quando ela fez residência em Belo Horizonte. “Ela sempre dizia que queria levar esse trabalho para Moçambique. Lá, a situação é muito precária, morrem muitos recém-nascidos. A partir desta demanda, planejamos e executamos um projeto para de fato tirar a ideia do sonho”, lembra a professora.
Ela reforça que o objetivo principal da missão é capacitar os profissionais. “Se alguém chega dá o caminho, mas não ensina como fazer, quando essa pessoa for embora a ideia vai desaparecer. É preciso olhar as características do lugar, o que é a maneira Moçambicana de atender e, dentro dessa perspectiva, propor as bases para implantar um programa de reanimação neonatal. A maneira de Moçambique não é a maneira brasileira. São culturas diferentes”, destaca.
Ainda de acordo com a professora, a ideia é que a missão possa se tornar um projeto de extensão e de pesquisa.
Parcerias e apoio
A missão é uma parceria da Faculdade de Medicina da UFMG com as sociedades Brasileira e Mineira de Pediatria, o Fundo das Nações Unidas Pela Infância(Unicef) e a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC), com apoio da Associação Moçambicana de Pediatria (Amope).
*Redação: Carol Prado – estudante de jornalismo
Edição: Mariana Pires