Brasil registra quedas na infecção e na letalidade do HIV

Novas formas de prevenção e evoluções nos medicamentos de tratamento são grandes responsáveis pelos resultados positivos no combate à Aids.


15 de julho de 2025 - , , , , , ,


Nos últimos dez anos, o Brasil registrou queda de mais de 25% nos óbitos causados pela Aids. Casos de novas infecções pelo HIV na cidade de São Paulo também caíram mais de 55% nos últimos sete anos. De acordo com o professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG e convidado do Saúde com Ciência, Unaí Tupinambás, isso se deve ao avanço nos mecanismos de controle da infecção pelo HIV.

“No Brasil, a gente tem em torno de um milhão e duzentas mil pessoas que vivem com o HIV. Dessas, em torno de 100 a 150 mil desconhecem o diagnóstico“, explica o professor. Segundo ele, do restante que já foram diagnosticadas, aproximadamente 900 mil estão em tratamento.

“E desde que estão em tratamento, mais de 85%, na verdade quase 95% estão com a carga viral indetectável. Então, veja, a gente precisa alcançar aquelas pessoas que têm o vírus e não sabem, bem como aquelas pessoas que abandonaram o tratamento. Esse é o nosso foco na questão do controle da infecção pelo HIV na população brasileira. É um desafio grande, mas a gente está caminhando para chegar lá”.

Professor Unaí Tupinambás

Queda na letalidade

De acordo com o professor Unaí, a letalidade do HIV vem diminuindo desde 1996, quando a terapia tripla para o HIV – popularmente conhecida como coquetel – foi lançada. “No entanto, lá em 1996, os medicamentos eram mais complexos de se tomar, era de 6 em 6 horas, vários comprimidos, com muitos efeitos colaterais”, relembra o professor.

Ele segue, explicando que, já na década passada, o tratamento foi se tornando simplificado, chegando a ser de apenas um comprimido diário, de boa tolerância e alta eficácia. “Então, as pessoas que tomam remédio não morrem de HIV. Elas vão ter uma qualidade e quantidade de vida semelhante à população geral”, pontua Unaí.

Os métodos de prevenção às ISTs, e em específico ao HIV também representam um papel importante na redução das infecções. Em 2022, o Brasil registrava pouco mais de 50 mil usuários da PrEP – profilaxia pré-exposição contra o HIV. Em apenas dois anos, esse número dobrou, com mais de 100 mil usuários do método de prevenção registrados em 2024.

“Fazendo o uso contínuo ou sob demanda, a redução é de mais de 90% na transmissão. Se você tem uma adesão, quase não existe transmissão do HIV nesse cenário”, finaliza o professor.

Ouça o podcast na íntegra:

Saúde com Ciência

No programa de rádio Saúde com Ciência desta semana, conversamos sobre as novas formas de prevenção do HIV. Abordamos a queda nas infecções e na letalidade da Aids, o uso de preservativos e outras formas de profilaxia, como a PrEP, e também discutimos pesquisas recentes relacionadas à prevenção do vírus e ao tratamento da doença.

O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a quinta-feira, às 7h15, no programa Bom Dia UFMG. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.