Rede do MCTI inicia estudos sobre o vírus Marburg, que causa febres hemorrágicas

Grupo, que conta com participação de pesquisadores do CTVacinas, desenvolverá sistemas de diagnóstico e testagem.


16 de novembro de 2021 - , ,


Equipe do CTVacinas superou mais uma etapa de testes da Spintec
Pesquisadores do CT-Vacinas integram grupo de trabalho da RedeVírus MCTI, que vai estudar o Marburg.
Foto: Reprodução | TV UFMG

Parente do conhecido vírus Ebola, o vírus Marburg faz parte da família dos filovírus. É transmitido ao homem por morcegos, seus hospedeiros naturais. A disseminação entre humanos se dá por contato direto com fluidos corporais contaminados pelo vírus, como saliva e sangue.

Alguns casos isolados foram identificados em laboratórios na Europa e nos Estados Unidos, mas o vírus Marburg se manifesta principalmente no continente africano. Apesar de não haver registro de casos no Brasil, a RedeVírus MCTI, comitê de especialistas instituído em fevereiro de 2020 para auxiliar o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações no desenvolvimento de estratégias para enfrentamento da covid-19, criou um grupo de trabalho destinado à realização de pesquisas de testes diagnósticos para o vírus Marburg. 

“Trata-se de um grupo de trabalho com um objetivo muito específico. O Ministério da Saúde já realiza a vigilância epidemiológica de diversos vírus no país, então a função do nosso grupo de trabalho é desenvolver sistemas de diagnóstico e de testagem que possam ser utilizados pelos responsáveis pela vigilância epidemiológica. Vamos construir as ferramentas de diagnóstico que serão usadas por eles”, explica o professor Flávio Guimarães da Fonseca, do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG e um dos coordenadores do CT-Vacinas.

Vigilância epidemiológica como legado

Fonseca explica que a pandemia da covid-19 realçou a importância do trabalho de vigilância epidemiológica, que engloba a testagem de casos suspeitos para o diagnóstico de doenças e o entendimento de como elas se movimentam e evoluem. “A pandemia  deixou vários legados importantes e um deles é esse, a importância de nos anteciparmos e nos precavermos contra possíveis e futuros problemas sanitários. A criação de um grupo de trabalho para estudar o vírus Marburg, que nunca entrou no Brasil, faz parte dessa nova mentalidade”, diz.

O professor salienta que, em se tratando de um vírus que causa uma doença para a qual não existem vacinas ou tratamentos, a iniciativa é ainda mais importante. “Em relação aos sintomas, o Marburg é um vírus muito perigoso e com taxa de letalidade elevada, em torno de 40%. Ele causa febres hemorrágicas que lembram as causadas pela dengue, mas de forma muito mais grave e intensa, culminando em falência múltipla de órgãos, que é o principal motivo de óbito da doença. Por isso precisamos estar preparados para a eventual chegada deste vírus, que pode vir por um paciente ou animal infectado”, conclui.

O vírus

O Marburg recebeu o nome da cidade alemã onde foi detectado pela primeira vez, em 1967. O vírus chegou à Alemanha por meio de uma equipe de pesquisadores  que esteve em contato com macacos infectados em Uganda, na África. 

O continente já registrou casos esporádicos e epidemias do vírus na África do Sul, em Angola, no Quênia, em Uganda e na República Democrática do Congo. A mais grave delas ocorreu em 2005, no norte de Angola, onde morreram 329 pessoas.


Centro de Comunicação da UFMG