Relação entre bioética e cuidados paliativos é falha no ensino de Medicina
Estudo destaca necessidade de aprofundar conhecimento e debate sobre o assunto nas escolas de Minas Gerais
05 de março de 2015
Estudo destaca necessidade de aprofundar conhecimento e debate sobre o assunto nas escolas de Minas Gerais
Como lidar e cuidar de pacientes com doença avançada e terminal, auxiliando-os a morrer com dignidade? Pensar sobre o ensino desse cuidado, ainda na graduação, foi o tema abordado pelo médico José Ricardo de Oliveira em sua tese Reflexões sobre o ensino de bioética e cuidados paliativos nas escolas médicas do estado de Minas Gerais, defendida pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas a Saúde do Adulto da Faculdade de Medicina da UFMG.
Para o médico, a instrução de cuidados paliativos nos cursos de Medicina é um dos fundamentos para o entendimento da relação entre escola, médico e equipe interdisciplinar de assistência à saúde, no que diz respeito à terminalidade da vida humana.
Ele conta que a realização do estudo, qualitativo, se deu em quatro etapas. Na primeira, foram consultadas 28 faculdades para verificação de como o ensino de bioética e cuidados paliativos eram contemplados. Em seguida, foi feito um trabalho de campo, com aplicação de questionário a um grupo de alunos de duas universidades. A terceira etapa caracterizou-se pelo cruzamento dos dados obtidos nas etapas anteriores com dados da literatura nacional e internacional, além de reflexão sobre a formação acadêmica nas áreas de bioética e cuidados paliativos. Por fim, foram feitas entrevistas com um grupo de alunos que cursavam o último ano de Medicina e que haviam participado da segunda etapa, quando cursavam o terceiro ano. “Esta última etapa permitiu uma discussão crítica e transversal da formação acadêmica na área temática”, diz José Ricardo.
Os resultados mostraram que o conhecimento na área e o incentivo à formação dos médicos que atendam às necessidades emergentes desta área da Ciência não estão suficientemente contemplados nas escolas de Medicina em Minas Gerais. O médico observou, também, que não é possível correlacionar o ensino de ética e de bioética e o ensino de cuidados paliativos.
Segundo o pesquisador, “a articulação entre bioética e cuidados paliativos tem sido pouco investigada na área da Saúde”. Para ele, o avanço dos conhecimentos e o aprofundamento das discussões na área poderiam regulamentar a prática em do ensino curricular de cuidados paliativos. Com isso, José Ricardo acredita nas mudanças socioculturais e na qualidade do atendimento aos pacientes portadores de doenças crônicas incuráveis ou que estejam em fase final da vida. O médico também explica que o fato de o Conselho Federal de Medicina (CMF) ter reconhecido a Medicina Paliativa como área de atuação de algumas especialidades médicas acelera essas mudanças.
Intervenção
Para o pesquisador, “a proposta de se estudar e responder a essa condição curricular do ensino de cuidados paliativos nas escolas de Medicina do estado de MG é uma tarefa inicial que poderá ser aproveitada para a educação médica pública e privada”. Ele acredita que seu estudo deve contribuir para o início de um cadastro nacional das práticas pedagógicas da bioética, com ênfase em cuidados paliativos, podendo ser tema matriz de futuras pesquisas no campo da educação médica.
Título: Reflexões sobre o ensino de Bioética e Cuidados Paliativos nas escolas médicas do estado de Minas Gerais
Nível: Doutorado
Autor: José Ricardo de Oliveira
Orientador: Nilton Alves de Rezende e Amauri Carlos Ferreira
Programa: Programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas à Saúde do Adulto
Defesa: 11 de dezembro de 20014