Retorno aos compromissos presenciais pode gerar ansiedade

Programa de rádio “Saúde com Ciência” explica como reconhecer a ansiedade, quais são seus impactos e possíveis tratamentos.


08 de novembro de 2021 - , , , ,


Com o avanço da vacinação e ampliação do funcionamento de diferentes serviços e setores, o retorno das atividades presenciais tem sido cada vez maior. Em algumas regiões do país, por exemplo, as aulas presenciais passaram a ser obrigatórias. Com isso, é preciso se readaptar a nova rotina, o que pode gerar um pouco de ansiedade.

“Indiscutivelmente, esse retorno tem gerado muita ansiedade, porque estamos vivendo cenário tolamente inusitado, diferente, com alguns paradigmas em mudança. Mas tudo que é novo, que é mudança, gera uma ansiedade naturalmente”, comenta o professor convidado do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG, Gilmar Fidelis, que também é psicólogo do Núcleo de Apoio Psicopedagógico aos Estudantes da Unidade (Napem).

Com a redução das interações sociais durante meses de isolamento, muitas pessoas se sentem um pouco “destreinadas” para se relacionar presencialmente com colegas de trabalho ou de estudo e demais pessoas que fazem parte da nova rotina. Para aqueles que são mais tímidos e introspectivos, o desconforto e apreensão podem ser maiores. Soma-se a isso, a adaptação à conduta de cuidados ao novo coronavírus no ambiente de trabalho ou escolar.

Vai com calma

De acordo com Fidelis, sentir ansiedade é comum e normal, porque funciona como mecanismo de prevenção e preparação. Mas quando existe desconforto excessivo, pode se caracterizar como um transtorno de ansiedade, que necessita de ajuda profissional.

Para reduzir os impactos desse retorno, o especialista orienta a ir com a calma e tentar entender melhor os próprios limites, sem se autopunir. Além disso, também é importante estabelecer boas relações e não ter medo de falar de seus limites e dificuldades com a pessoa correta.

“Buscar pessoas que são pontos de referência para serem seu suporte e realizar outras atividades que levem a espaços fora de casa, como uma caminhada ao ar livre, aceitar um convite inusitado… ou seja, ir voltando aos poucos, com todos os cuidados”, orienta.

E também é possível ajudar um colega ou conhecido com dificuldades na readaptação ao presencial. A recomendação é para exercer a empatia e tentar entender o limite e dificuldades do outro nesse cenário. “Ser mais cuidadoso, mais respeitoso, mais acolhedor e menos punitivo, respeitando as diferenças e limites. O acolhimento é melhor que a crítica e julgamento”, avalia Gilmar Fidelis.

Sintomas de ansiedade

O Brasil tem o maior índice de pessoas com transtornos de ansiedade em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são quase 19 milhões de brasileiros com esse sofrimento mental, que só piorou na pandemia. Os sintomas de ansiedade podem se manifestar a nível físico e psicológico, como irritabilidade, baixo linear de tolerância e até taquicardias e dificuldade de respiração.

Confira alguns sintomas comuns de ansiedade, que podem virar transtorno de ansiedade quando são excessivos e passam a gerar danos na qualidade da vida profissional, social e afetiva:

  • sentimento de desconforto em relação as coisas que estão por vir;
  • roer unhas;
  • dores musculares;
  • agitação de membros;
  • enjoo;
  • boca seca;
  • dificuldade de concentração;
  • medo de errar;
  • dificuldade para dormir;
  • sudorese;
  • sensação extrema de perda de controle da própria vida.

Geralmente, uma pessoa com transtorno de ansiedade tem uma visão mais negativa da vida, com pouca energia para poder resolver situações, uma vez que a mente fica muito acelerada e dispersa. Ela também pode se sentir culpada, mesmo sem ser, com maior frequência. Por isso, é importante aprender a controlar e, se possível, tratar a ansiedade com um profissional de saúde mental.

Dicas para controlar a ansiedade

Apesar de acometer parcela significativa da população brasileira, existe tratamento para transtornos de ansiedade e hábitos de vida que ajudam a prevenir o quadro. No Saúde com Ciência, saiba quais são as opções de tratamento, bem como os impactos desse distúrbio no cotidiano de uma pessoa.

progama é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a quinta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelo serviço de streaming Spotify