Revista Manuelzão 95 reúne reportagens e análises sobre gestão das águas e política ambiental
Publicação do Projeto Manuelzão apresenta a Meta 2034 para a renaturalização do Rio das
Velhas e seus afluentes e reflete sobre águas, pessoas e territórios da bacia hidrográfica
26 de junho de 2025 - Manuelzão, Projeto Manuelzão, Revista

O Projeto Manuelzão lançou nesta quarta-feira, 25, uma nova edição da Revista Manuelzão, publicação produzida pela equipe de comunicação do projeto de extensão da Faculdade de Medicina da UFMG. O número 95 da revista, intitulado “Rumo à Revitalização”, apresenta a Meta 2034 para a renaturalização da bacia do Rio das Velhas, rio que abastece 70% da população de Belo Horizonte e 40% da Grande BH, e reúne reportagens, artigos e análises sobre a gestão das águas e a política ambiental em Minas e no Brasil.
A edição está disponível nas versões digital e impressa, com distribuição gratuita.
O professor da Faculdade de Medicina da UFMG e idealizador do Manuelzão, Apolo Heringer Lisboa, escreve o artigo sobre a Meta 2034. A base da proposta é a despoluição do Epicentro da degradação, como é identificado no escopo da Meta o trecho metropolitano da bacia. O Epicentro é delimitado entre a foz do Rio Itabirito, que encontra o Velhas no município de mesmo nome, e a foz Ribeirão da Mata, que se junta ao Velhas em Santa Luzia. Nesta área de 12% do território da bacia estão 85% da população, 85% da poluição e 85% do PIB. “Resolvendo o problema aí”, exorta Lisboa, “impactaremos positivamente toda a calha do Velhas e de seus afluentes, permitindo a volta universal do peixe”.
O novo número discute a relação entre cidades e águas urbanas abordando o desenho de políticas públicas, iniciativas da sociedade civil e exemplos bem-sucedidos de gestão. São destacados os esforços dos Núcleos Manuelzão e de movimentos socioambientalistas na Grande BH em prol de áreas verdes e das bacias dos ribeirões Arrudas e Onça, afluentes do Velhas na capital. Os Núcleos Manuelzão são coletivos criados pelo projeto nas principais sub-bacias de BH.
A equipe do projeto conversou com o diretor de Gestão de Águas Urbanas da Prefeitura de BH, Ricardo Aroeira, sobre a volta do Drenurbs, programa orientado pela recuperação de córregos em leito natural e o tratamento de fundos de vale para evitar inundações. Um relato sobre o convívio entre o Rio Bow e a cidade de Calgary, no Canadá, atesta como é possível incorporar os cursos d’água à paisagem e valorizá-los enquanto elementos naturais indispensáveis à qualidade de vida em meio urbano.
Novamente é esboçado um panorama de conflitos entre empreendimentos minerários e comunidades em Minas Gerais. Essas serras, chapadas e florestas em disputa não só abrigam jazidas mas são também reservas da biodiversidade do Cerrado e da Mata Atlântica e áreas produtoras de água para as bacias do Velhas, Paraopeba, Doce, Jequitinhonha, entre outras. Na bacia do Velhas, é narrado o início das atividades e o posterior embargo de uma mineradora a 90 metros da comunidade tricentenária de Botafogo, em Ouro Preto.
Os jornalistas do Manuelzão também conversaram com pesquisadores sobre a Estação Ecológica de Arêdes, em Itabirito, unidade que conserva remanescentes das cangas ferruginosas e um trecho relevante do Aquífero Cauê. Juntas, essas camadas compõem uma formação hidrogeológica única, característica da região mais populosa do estado, o chamado Quadrilátero Ferrífero-Aquífero.
Na região da Serra da Canastra, Oeste de Minas, é saudada a mobilização pela criação da Área de Preservação Permanente (APA) Serras e Águas de Piumhi. A definição da unidade de conservação municipal é ponto fora da curva na tendência de ausência de criação de áreas protegidas, somada ainda à pressão por atividades econômicas naquelas já constituídas. A nível estadual, por exemplo, o atual governo ainda não criou unidades de conservação após quase sete anos de mandato.
A edição conta ainda como foi a primeira fase do projeto Empoderamento Jurídico, desenvolvido pelo Núcleo de Direito Ambiental do Projeto Manuelzão em parceria com o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), que ofereceu assistência e assessoria jurídica a comunidades espalhadas por 28 cidades em Minas. Outra iniciativa destacada é o Programa de Educação Ambiental do Pró-Mananciais, desenvolvido pela equipe de educação ambiental do Manuelzão em colaboração com a Copasa em 40 escolas ao longo da bacia do Velhas.
Leia a versão digital da Revista Manuelzão 95. Os exemplares físicos já podem ser retirados na Faculdade de Medicina e, na próxima semana, serão distribuídos em vários pontos de BH, incluindo unidades da UFMG. Educadores, mobilizadores sociais e demais interessados também podem entrar em contato pelo Instagram do projeto ou pelo e-mail comunicacao.pmanuelzao@gmail.com caso desejem utilizar a revista em suas atividades.
Manuelzão, Rio das Velhas
O Projeto Manuelzão foi fundado em 1997 por professores da Faculdade de Medicina da UFMG com foco em ambiente, saúde e cidadania na Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas. O Velhas nasce em Ouro Preto, passa pela Grande BH e encontra o Rio São Francisco na cidade Várzea da Palma, no Norte de Minas. Desde o primeiro ano de atividade, a equipe de comunicação do projeto edita a Revista Manuelzão, inicialmente publicada como um jornal. Após mais de 25 anos, a publicação chega à edição de número 95 como uma das mais longevas da UFMG. Saiba mais sobre as atividades desenvolvidas no site do Projeto Manuelzão.
Assessoria de Comunicação Manuelzão