Risco de Hepatite A é maior no verão


13 de janeiro de 2012


O verão é a estação dos programas ao ar livre, de férias escolares, das viagens com as crianças para a praia e de menor rigor com os hábitos alimentares. No entanto, é preciso tomar alguns cuidados para evitar que a diversão termine antes do tempo. O maior contato com o meio ambiente, a frequente aglomeração de pessoas e a precariedade na conservação da água e dos alimentos são fatores de risco para contrair a hepatite A.

Verão é época mais propícia para contrair hepatite A.

Frutos do mar, vegetais ou frutas cruas, ingestão de água de fonte desconhecida ou contaminada e alimentos manipulados por indivíduos infectados com o vírus VHA são muito perigosos.  Os surtos podem ser provocados, ainda, pela ingestão de alimentos e água – doce ou salgada – contaminados e viagens para áreas endêmicas. Quem explica é a infectologista e professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Glaucia Queiroz Andrade.

“O contágio acontece via fecal-oral e é mais comum em crianças com até 5 anos. Nesta idade, a transmissão é fácil devido ao não controle das fezes, falta de higiene anal adequada e comportamento predominantemente oral, isto é, tudo é levado à boca”, analisa a especialista.

Ela explica que a prevalência da hepatite A está relacionada às condições socioeconômicas e sanitárias da população e podem variar muito entre as regiões de um mesmo país. Enquanto em algumas regiões do Brasil o índice é de 75% de crianças contaminadas, no Sul este índice cai para 11% entre crianças de alto padrão de vida.

De acordo com Gláucia Andrade, na maioria dos casos a criança não apresenta sintomas e a infecção passa despercebida. As manifestações clínicas estão diretamente relacionadas à idade dos indivíduos acometidos: quanto mais jovem maior é a ausência de sintomas ou esses são discretos. Quando sintomática, o quadro se inicia com desânimo, febre, dores musculares e abdominais, náuseas e vômitos e pode evoluir, causando icterícia e colúria (urina escura), aumento do fígado (80% dos casos) e do baço (20%) e convalescência.

Entre as medidas preventivas, pode-se destacar a melhoria das condições sanitárias e de higiene das pessoas; uso de imunoglobulina comum intramuscular até 14 dias após o contato com o indivíduo infectado; e imunização por meio de vacinas em indivíduos que ainda não tiveram contato com o vírus. Ele não está disponível nas unidades básicas de saúde para uso de rotina em indivíduos saudáveis, mas pode ser encontrada em clínicas particulares e no Centro de Imunobiológicos Especiais (CRIE).

“As vacinas podem ser aplicadas a partir de um ano de vida, por via intramuscular. São utilizadas duas doses com intervalo de 6 a 12 meses entre elas. É eficaz e segura, com poucos e discretos efeitos adversos”, garante a infectologista. A proteção da vacina dura pelo menos 5 a 10 anos, podendo durar até 20 anos.

A professora ressalta que não existe, até o momento, nenhuma terapêutica específica para a Hepatite A. Repouso e alimentação de acordo com a necessidade e o apetite do paciente, além de evitar medicamentos desnecessários, ajudam. “A maioria dos pacientes evolui bem com resolução espontânea do quadro, mas quando o caso é grave é necessário internação”, orienta a especialista.