Saiba como reduzir danos para curtir o Carnaval com saúde

Festa deve ser permeada por alegria, respeito e cuidados com a saúde


21 de fevereiro de 2020 - , , , ,


Anna Carolina Barbosa *

Para não perder o bloco ou trio elétrico, alguns foliões enfrentam verdadeiras maratonas durante o Carnaval. Isso, muitas vezes, debaixo de sol quente, se alimentando de forma ruim e com consumo de bebidas alcóolicas e outras drogas. A combinação desses fatores pode ser uma bomba para a saúde. Por isso, é importante observar alguns cuidados para reduzir os possíveis danos ao corpo e ter energia e disposição para aproveitar a festa da melhor forma possível. Sem esquecer, é claro, de se prevenir contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

Use camisinha

A camisinha é a principal maneira de prevenção de transmissão de ISTs como HIV, hepatites B e C, sífilis e gonorreia. Por isso, o Ministério da Saúde irá distribuir cerca de 128,6 milhões de preservativos masculinos e femininos nos dias de folia. A professora e infectologista do Departamento de clínica médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Julia Caporali, recomenda que qualquer pessoa que tenha uma vida sexual ativa faça exames de triagem de infecções sexualmente transmissíveis, principalmente antes do Carnaval.

Mas caso ocorra sexo consentido sem o uso do preservativo e de maior risco para o HIV, a orientação é para procurar uma Unidade de Pronto Atendimento (UPAs) para fazer o uso da Profilaxia Pós- Exposição ao HIV (PEP).

“É o uso da medicação contra o HIV, durante 28 dias, após a exposição sexual, para reduzir a chance de ser infectado”, explica Julia.

Confira mais informações sobre a PEP na cartilha da Prefeitura de BH.

Violência sexual

O uso da PEP também é recomendado para quem sofreu algum tipo de violência sexual. Nessa situação, além da PEP outros procedimentos devem ser realizados.

“Primeiro passo é ir ao hospital e não a delegacia, pois lá você pode informar o ocorrido. Ir antes para uma delegacia pode atrasar com o tratamento e cuidados médicos necessários’’, orienta a professora Julia Caporali.  

Em Belo Horizonte, capital de Minas, a vítima pode procurar o Hospital Odilon Behrens e o Hospital Júlia Kubitschek, independentemente do sexo e da idade. A Maternidade Odete Valadares também acolhe a vítima, porém esse tipo de atendimento é feito só para mulheres a partir de 12 anos. No Hospital das Clínicas da UFMG, o atendimento é para mulheres de todas as idades e meninos até 12 anos.

Não é Não!

Durante o Carnaval, o respeito deve estar presente em qualquer situação, seja dentro ou fora dos blocos. Para isso, o Ministério Público realiza, desde 2016, a campanha “Carnaval sem Assédio”, contra assédios, abusos e preconceitos, lembra aos foliões que NÃO É NÃO!

“Beijar e namorar é paquera, mas pegar a força é assédio. Utilizar adjetivos positivos como “bonita” para alguém que você não conhece também é assédio. Por isso, é preciso aprender os sinais que não são verbais, pois nem todo sim e não são dados verbais”, explica a professora da Escola de Enfermagem da UFMG, Érica Dumont.

Para quem sofreu alguma importunação ou violência sexual no Carnaval, é possível denunciar em delegacias especializadas, por telefone, pelo 180, e na ouvidoria da polícia no 130.

Álcool e outras drogas

O álcool é a droga lícita mais utilizada no Carnaval e uma das principais causas de violência interpessoal e acidente de trânsito. A professora e gastroenterologista do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Luciana Diniz, recomenda a prestar atenção na maneira como o álcool está sendo consumido para reduzir os dados dessa substância no corpo. “Quanto mais o álcool em consumido em pouco tempo, de forma mais grave ele vai atuar no seu organismo”, afirma

Bebidas coloridas, de teor alcoólico alto ou misturar diferentes tipos de bebidas alcoólicas. Todos esses fatores também devem ser observados para que reduzir os dados dessa substância e prevenir mal-estar e, até mesmo, o coma alcoólico.

Sem tabus

As drogas ilícitas, por mais que sejam proibidas, também podem estar presentes no Carnaval. Por isso, é importante falar sobre elas sem tabus para que os foliões saibam dos riscos do uso dessas substâncias e como se proteger.

“O interessante é usar piteira para não machucar a boca, evitar o compartilhamento de canudos, saber o tipo de procedência dos materiais usados nesse processo”, afirma a professora e psicóloga do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, Gabriella Nazário.

Confira algumas orientações para a redução de danos no uso dessas drogas no programa Saúde com Ciência.

Cuidado com os alimentos

A alimentação é outro fator importante para acompanhar o pique dos blocos e trios elétricos. “A base da dieta nesses dias seria os carboidratos, pois vai ajudar na recomposição das energias”, comenta o professor e nutricionista da Escola de Enfermagem, Rafael Longhi.

É importante tomar cuidado com os alimentos de rua e o gelo consumido, especialmente aqueles que ficam nas caixas de isopor, pois são fontes para infecções e contaminações.  

Programação da semana

O Saúde com Ciência desta semana apresenta série sobre as reduções de danos para o  carnaval de 2020, levantando questões de prevenção, alimentação, saúde e respeito durante a folia.

Confira a programação da semana:
:: Assédio e IST´s
:: Alimentos e água contaminada
:: Álcool e outras drogas
:: Tira-dúvidas
:: Pós-Carnaval

Sobre o Programa de Rádio

O   Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação

Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelo serviço de streaming Spotify

*Anna Carolina Barbosa – estagiária de jornalismo
Edição -Karla Scarmigliat