Saúde íntima requer mais cuidados no verão


31 de janeiro de 2014


Roupas leves, higiene adequada, hábitos saudáveis. No verão, redobrar os cuidados com a saúde íntima pode ser determinante para uma melhor qualidade de vida da mulher.

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Foto: reprodução internet

Algumas ações que parecem inofensivas, como a ducha vaginal e o uso de calças apertadas, podem prejudicar, e muito, a saúde íntima da mulher. Mas por ainda ser um assunto cercado de tabus, muitas pessoas chegam a ignorar ou subestimar sinais de que há algum problema mais sério e que precisa de atenção especial.

Uma higiene íntima adequada pode evitar corrimentos, irritações e até infecções. De acordo com a professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG, Andrea Moura Rodrigues Maciel da Fonseca, a higienização deve começar na vulva (genitália externa), durante o banho, com água corrente e sabonete. Mas não se limita a banhos diários. “É preciso secar bem, usar roupas leves e evitar hábitos como ficar com o biquíni molhado por muito tempo”, diz a especialista.

Segundo ela, o excesso de lavagens na região íntima também pode causar problemas, pois remove a proteção natural da vagina e torna a área mais suscetível a infecções. O alerta em especial é para a ducha vaginal interna. “É extremamente contraindicada, pois retira a proteção natural da vagina e, assim pode provocar candidíase, corrimentos e, nas grávidas, aumenta o risco de trabalho de parto prematuro”, afirma.

Outra dúvida frequente é em relação ao tipo de sabonete: comuns ou específicos para a região íntima? A professora explica que diferença está no pH. Enquanto os sabonetes comuns têm pH básico (entre 9 e 10), os sabonetes íntimos têm um pH ácido (entre 4 e 4,5) que mantém o pH vaginal normal.

Embora a acidez seja necessária para manter vivos os microorganismos e lactobacilos que vivem nessa região, não há necessidade de todas as mulheres usarem os sabonetes íntimos. “Só as que apresentam infecções ou corrimentos recorrentes”, recomenda a professora.

Corrimento

Toda mulher em idade reprodutiva apresenta uma secreção vaginal que é normal. O corrimento recorrente pode acontecer por uma série de fatores, como o estresse, diabetes e a até mesmo a própria gestação. Porém, é preciso ficar atento.  “São considerados sinais de alerta quando aparece o odor fétido, coceira, ferida na vulva, e alterações na cor do corrimento”, orienta Andrea.

O uso de calças muito apertadas também pode levar à ocorrência de corrimentos recorrentes. “O aumento da temperatura local e a falta de aeração, sobretudo nos dias mais quentes, predispõem ao crescimento de microorganismos, provocando problemas na região”, alerta a especialista. Segundo ela, as mulheres precisam usar tecidos que favorecem a transpiração, de preferência de algodão, pois a retenção de calor é menor.

Absorventes

Durante a menstruação, o cuidado deve ser ainda maior. O absorvente, tanto o interno quanto o externo, deve ser trocado de acordo com a necessidade. Entretanto, não deve ultrapassar o período de quatro a seis horas. “Não é recomendado dormir com absorventes internos, pois podem causar a síndrome do choque tóxico, em que a proliferação de bactérias é intensa”, aponta a professora.

Ela também ressalta que qualquer absorvente só deve ser usado no período menstrual. Se a mulher sente que precisa usar um diariamente porque tem corrimento, é sinal que a saúde íntima não vai bem. “Usá-lo sempre aumenta o calor na região e pode facilitar o aparecimento de infecções”, afirma.

A preocupação maior das mulheres deve ser voltada para acompanhamento contínuo de um ginecologista, sem vergonha ou tabus, já que uma boa saúde íntima é fundamental para uma melhor qualidade de vida.