Semana de Vacinação nas Américas: importância da vacinação, e não apenas contra a Covid


26 de abril de 2021 - , , , , , , , , ,


*Maria Beatriz Aquino

O desejo de que tudo volte a ser como antes levou a uma corrida desenfreada por uma prevenção contra a Covid-19. E a solução veio de método que há séculos vem revolucionando a medicina: as vacinas já derrotaram diversas doenças no país e no mundo e ajudaram a salvar milhares de vida. No entanto, décadas de progresso no país estão ameaças por uma baixa cobertura vacinal de doenças que já estavam controladas. Por isso, na 29º Semana de Vacinação nas Américas, o Saúde com Ciência apresenta a série “Vacinação no Brasil: conheça sua história e importância“.

As vacinas foram responsáveis por erradicar a varíola em todo o mundo, em 1971, e doenças como sarampo e poliomielite já chegaram a zerar casos no Brasil graças à ampla cobertura vacinal. De acordo com o especialista entrevistado pelo Saúde com Ciência, Ênio Roberto Pietra Pedroso, professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, conta que a vacina é utilizada há mais de duzentos anos, sendo considerada uma das descobertas medicinais mais significativas para a ciência.

“A vacinação representa um ganho de vida, de condições, de qualidade. O que o ser humano faz em se proteger por intermédio da vacinação, não tem preço”, afirma.

Baixa cobertura vacinal

Desde 1973, o Brasil é assistido pelo Programa Nacional de Imunização (PNI), um dos programas de vacinação de maior sucesso no mundo e que atende milhares de brasileiros. Segundo dados do Ministério da Saúde, mais de 300 milhões de doses são distribuídas no país, anualmente, em vacinas, soros e imunoglobulinas, através do Sistema Único de Saúde (SUS). Após a criação do programa, doenças como difteria e coqueluche tiveram redução no número de casos.

Mas o professor Ênio Pietra afirma que a baixa cobertura vacinal de outras patologias ainda é de grande preocupação.

“Neste momento, sarampo é uma preocupação. Rubéola é outra preocupação. Precisamos estar atentos com a poliomielite, que é outra doença muito grave”, cita Ênio Pedroso.

Em 2018, o Brasil voltou a registrar casos de sarampo. Além disso, a poliomielite passou a apresentar taxas baixas de proteção. De acordo com dados do Ministério da Saúde, divulgados em julho de 2018, há 312 municípios brasileiros com menos de 50% população vacinada contra a paralisia infantil. De 2017 para 2020, imunização contra a BCG caiu mais de 40%. Todas essas vacinas são ofertadas pelo SUS.

A disseminação de notícias falsas (fake news), intensificação de movimentos antivacinas e até mesmo o receio de ir se vacinar durante a pandemia são alguns dos motivos que têm levado o Brasil a regredir no controle de algumas doenças.

“É preciso ter consciência de que isso (imunização) não vai provocar uma modificação ou criar uma espécie humana nova”, enfatiza Pedroso.

Vacina contra a Covid-19

Se por um lado, a cobertura vacinal de algumas doenças que já estavam controladas no país está abaixo da necessária, o interesse pela vacina contra a Covid-19 tem aumentado. De acordo com pesquisa Datafolha, divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo, 84% dos brasileiros pretendem se vacinar contra a Covid-19. Esse percentual é maior do encontrado em janeiro deste ano, de 79%.

Para Ênio Pedroso, essa mudança de comportamento pode ser associada ao maior incentivo vindo de vários setores sociais para aderência às campanhas de vacinação.

“A vacinação é algo que precisa mesmo ser considerado como uma prática cultural de todos. Acredito que isso acontece por meio da educação com jovens, adolescentes e até na universidade”, conclui o professor.

Desde o começo

Quer saber como surgiu o processo de vacinação no Brasil e qual a primeira dose produzida no país? E a diferença entre a imunidade gerada pela vacina a imunidade adquirida quando se tem a doença? Acompanhe a série “Vacinação o Brasil: conheça sua história e importância”, no programa Saúde com Ciência desta semana. 

Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a quinta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelo serviço de streaming Spotify.


*Maria Beatriz Aquino – estagiária de Jornalismo
Edição: Karla Scarmigiat