Simpósio discute prevenção do suicídio
09 de setembro de 2013
O suicídio representa importante problema de saúde pública e, apesar de ser um tabu, deveria discutido pela sociedade. É o que defende o professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG, Humberto Corrêa da Silva Filho, coordenador do I Simpósio do Dia Mundial de Prevenção de Suicídios, que será realizado nesta terça, 10 de setembro, das 8 às 18h, na sala 34 da Faculdade de Medicina da UFMG.
Segundo Humberto Corrêa, profissionais de saúde e a sociedade em geral não estão preparados para lidar com o assunto. O simpósio tem o objetivo de melhorar a qualificação profissional a respeito do diagnóstico, manejo e prevenção do comportamento suicida. Serão abordados temas como dependência química e livre arbítrio; comportamento suicida no hospital geral, nos transtornos psiquiátricos e associado a doenças clínicas não psiquiátricas; perfil do suicida; pacientes com maior risco de suicídio, dentre outros.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que o suicídio está entre as vinte maiores causas de morte no mundo. Só entre os jovens de 15 a 29 anos, a mortalidade aumentou cerca de 30% nas últimas décadas. No Brasil, são registrados cerca de 10 mil suicídios por ano, número que pode ser ainda maior. “A notificação não formalizada do suicídio pode chegar a 30%”, afirma o professor.
Apesar dos significativos percentuais, o assunto é considerado delicado e causa grande desconforto. “Não tem problema falar sobre o tema, o importante é saber como se fala. A palavra é evitada, mas o problema continua”, ressalta Humberto Corrêa. Segundo ele, a troca de informações sobre o suicídio pode evitar muitos casos. Mas alguns cuidados devem ser tomados. Na mídia, por exemplo, não se deve falar sobre casos isolados, particulares ou sobre os motivos que levaram ao suicídio,“pois uma pessoa que passa por problemas parecidos poderá achar que essa é a solução”, orienta.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, é possível prevenir 90% das mortes se houver condições para oferta da ajuda. Para o professor, quem pensa em suicídio está passando por um sofrimento psicológico e dificilmente consegue sair disso sozinho. Porém, isso não significa que queira morrer. “Se puder falar e ser ouvida, a pessoa pode reduzir seu sofrimento”, enfatiza.
Raio X
Entretanto, como o assunto não é colocado na pauta da sociedade, faltam informações básicas que possam orientar a detecção precoce de certas condições mentais associadas ao comportamento suicida, bem como medidas de prevenção.
Humberto Corrêa explica que é possível identificar uma pessoa com características suicidas. “São pessoas que falam muito em se matar ou apresentam quadros depressivos.” Também existe uma forte relação entre a presença de transtornos mentais e risco de suicídio.
Entre os diagnósticos mais frequentes estão depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia e transtornos relacionados ao uso de substancias como álcool e crack. “Estudos mostram que praticamente 100% dos suicidas têm uma doença psiquiátrica que não foi diagnosticada e nem tratada. Não existem tratamentos rápidos e eficazes para a prevenção”, diz o professor.
Além dos pacientes, os familiares também sofrem com a situação. “O processo de luto para as famílias dessas pessoas é mais demorado e difícil. Elas ficam com sentimento de culpa e sem saber direito o que aconteceu. Isso pode vir a gerar quadros de depressão. E, infelizmente, não existe assistência a essas pessoas”, lamenta Humberto Corrêa.
Serviço
As inscrições para a programação do I Simpósio do Dia Mundial de Prevenção de Suicídios são limitadas, gratuitas e poderão ser feitas no local do evento. Já á conferência de encerramento acontecerá a partir das 19h, na sede da Associação Médica de Minas Gerais (Av. João Pinheiro, 161, centro, BH). As inscrições para a conferência devem ser realizadas com antecedência, pelo email amp@ammgmail.org.br. Mais informações pelo telefone (31) 3213-7457