Sistema ajuda a mapear perfil de pacientes com câncer
Registro Hospitalar de Câncer tem o objetivo de aprimorar as informações sobre a doença e consolidar a base de dados nacional.
21 de outubro de 2015
Como parte da estratégia traçada pelo Ministério da Saúde (MS) para o aprimoramento das informações sobre o câncer, foi criado o Registro Hospitalar de Câncer (RHC). O sistema tem o objetivo de aprimorar as informações sobre a doença e consolidar a base de dados nacional. O Hospital das Clínicas (HC) da UFMG também tem um RHC, criado em 2006. Esse é coordenado pela professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Maria Aparecida Martins, contando com a participação de alunos, bolsistas e voluntários, e membros de projetos de extensão da Faculdade. “Um importante papel do RHC é envolver o aluno da área de saúde na realidade da população assistida e exercitar sua habilidade como gerador de informações com qualidade para o Sistema Único de Saúde”, explica Maria Aparecida.
O RHC recebe uma lista dos pacientes com câncer do Hospital, organizada anualmente a partir de informações dos serviços de Oncologia e Hematologia, Clínicas Cirúrgicas, Anatomia Patológica e Núcleo de Epidemiologia. “As informações são extraídas dos prontuários e registradas na Ficha de Registro de Tumor do INCA/MS, usada no HC. A qualidade das informações é avaliada pelo correto preenchimento dos dados nessa ficha”, afirma a coordenadora. “Esses dados são digitalizados e encaminhados à SES-MG e permitem traçar o perfil epidemiológico da população atendida no Hospital das Clínicas e, posteriormente, no país, auxiliando de forma direta e indireta a formulação de políticas públicas de atenção oncológica”, completa.
Ausência das informações
Apesar da importância dos dados coletados, Maria Aparecida afirma que muitos prontuários, principalmente as fontes de informação para o RHC, encontram-se ausentes ou incompletos. Um trabalho feito no Registro Hospitalar do HC comprovou que dos 42 itens analisados na “Ficha de Registro de Tumor” em 8.729 casos notificados, de 2006 a 2013, 59.281 itens estão sem informação.
Dos dados levantados pelo RCH do HC os itens que não são preenchidos com mais frequência, relacionados à identificação do paciente, foram instrução (13,6%) e ocupação (8,0%). Quanto aos itens relacionados ao câncer, destacam-se a classificação clínica do Tumor (12,2%); classificação patológica do Tumor (10,9%); estado da doença ao final do primeiro tratamento (8,5%); estadiamento (7,5%); história familiar para câncer (7,2%); alcoolismo (5,3%); e tabagismo (4,4%).
Segundo Maria Aparecida, esses itens são muito importantes para o conhecimento do perfil epidemiológico do Câncer no hospital. “Para melhorar a qualidade dos dados gerados no HC, o setor RHC programou ações educativas de conscientização das equipes de oncologistas e hematologistas do hospital, além dos professores de medicina que orientam os alunos, para o preenchimento correto do prontuário”, pontua.