Socialização estimula manutenção das capacidades cognitivas na pessoa idosa
Série de rádio “Envelhecer com Saúde” apresenta atividades indicadas para a boa saúde física e mental da pessoa idosa
06 de outubro de 2017
Série de rádio “Envelhecer com Saúde” apresenta atividades indicadas para a boa saúde mental e física da pessoa idosa
O processo de envelhecimento vem junto a modificações no metabolismo, nas funções hormonais e nas atividades diárias do indivíduo. E, entre as principais consequências desse processo, estão o declínio das capacidades cognitivas e o surgimento de demências, que são intensificados com o avançar da idade. Diante disso, pode-se encontrar nas atividades realizadas em grupo uma possibilidade de amenizar ou mesmo evitar o avanço desses quadros.
De acordo com o neurologista e professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Paulo Caramelli, a prevalência das demências é inferior a 1% no indivíduo até os 65 anos e pode alcançar cerca de 40% em pessoas a partir dos 85 anos. A partir dos 65 anos, a frequência média de apresentação dessas doenças dobra a cada cinco anos.
Como forma de prevenir esse possível declínio cognitivo, destacam-se as atividades feitas em grupo, que promovem a integração e socialização da pessoa idosa. “Essa atividade em grupo funciona como um estímulo adicional para essa atividade cognitiva, principalmente quando envolvem objetivos definidos e produtivos”, afirma Caramelli.
O professor também destaca a importância do trabalho voluntário, algo que vai além dos objetivos de trabalhar a memória ou fazer treinos para a melhora da condição mental, trazendo resultados no cotidiano de outras pessoas. “Indivíduos que fazem atividades que exigem organização e planejamento apresentam ganhos para outras pessoas e para o próprio indivíduo ao perceber que está sendo útil, fazendo o bem e atendendo e se relacionando com outras pessoas”, completa.
Buscar ambientes para exercer interações sociais é válido tanto no contato com amigos quanto com a família. Segundo o neurologista, a interação entre diferentes gerações funciona como um estímulo que envolve, principalmente, o afeto e apresenta efeitos positivos para o funcionamento mental de modo geral.
Outros exemplos
Além das atividades em grupo, exercícios como a resolução de tarefas de treino cognitivo através de computadores e programas educativos ajudam a retardar o declínio das funções mentais. A prática da leitura e jogos de estratégia também auxiliam o indivíduo na diminuição dessas consequências. “A leitura é uma atividade cognitiva complexa, pois demanda atenção, um processamento de linguagem escrita, memória para a recomposição da história. Além disso, jogos que demandem estratégia e planejamento para cumprir tarefas são hábitos bastante interessantes”, afirma Paulo Caramelli.
A prática regular de atividades físicas, claro, também é lembrada. De acordo com o mestrando em Ciências do Esporte pela Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional e colaborador do Laboratório do Movimento da UFMG, João Gabriel Rodrigues, esses exercícios envolvem benefícios neurofisiológicos, da biologia cerebral, e neuropsicológicos, com o restabelecimento de funções cerebrais. “O exercício melhora a neurofisiologia cerebral e contribui para o tratamento de disfunções, como ansiedade e depressão”, acrescenta Rodrigues.
Sobre o programa de rádio
O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.
O programa também é veiculado em outras 187 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.
Redação: Marcos Paulo Rodrigues | Edição: Lucas Rodrigues
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