TelePAN expande acolhimento para saúde mental de pessoas enlutadas
14 de abril de 2021 - depressão, linha de frente, luto, mortes na pandemia, profissionais de saúde, saúde mental, Suicídio, TelePAN
Um ano após o início das atividades do Projeto TelePAN Saúde, ainda não é possível respirar aliviado. Pelo contrário, com o agravamento da pandemia no país, que tem levado a números recordes de mortes nas últimas semanas, a necessidade de reforçar a saúde mental se tornou ainda maior. Por isso, além da rede de cuidados aos profissionais de saúde da linha de frente, o projeto agora passa a atender pessoas que perderam familiares para a covid-19. E para dar vazão as buscas pelo suporte, o recrutamento permanece aberto para voluntários com formação na área que possam colaborar com as teleconsultas.
O projeto da Faculdade de Medicina da UFMG, proposto pela Associação Brasileira de Neuropsiquiatria (ABNP) e parceiros, oferta atendimento gratuito e online para serviços como psicoterapia individual breve de apoio, terapia de grupos, consultas médicas, dentre outros. Tanto os profissionais de saúde da linha de frente quanto pessoas que estão vivenciando o luto, de qualquer região do país, podem solicitar atendimento pelo site www.medicina.ufmg.br/telepansaude.
De acordo com o coordenador do projeto e professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade, Helian Nunes, são esperados o cadastro de mais de 600 pessoas nos próximos meses com a expansão dos atendimentos. Mas se ocorrer um agravamento maior da pandemia, essa demanda pela teleconsulta pode se tornar ainda mais. Por isso, a necessidade também de ampliação do número de voluntários com qualificação na atenção em saúde mental, que podem se inscrever por meio de formulário online.
Luto inacabado
O país já ultrapassa a triste marca de 355 mil perdidas pelo vírus. Apenas nos 12 primeiros dias deste mês de abril, foram registradas 33.145 mortes por covid-19. Devido ao grande número de óbitos, milhares de pessoas estão vivenciado um luto diferente por familiares vítimas da covid-19, o que demanda rede de suporte especializada.
“Esse processo de luto durante a pandemia tem sido considerado diferente, pois há uma falta dos rituais tradicionais que facilitam a elaboração do luto. Devido às regras e comportamentos para a prevenção da covid que orientam para o afastamento físico, tem sido chamado por alguns autores de luto inacabado”, pontua o professor.
Nunes explica que ainda não há estudos que avaliem detalhadamente os impactos dessas perdas a curto, médio e longo prazo. Esses impactos poderiam ser maiores ou menores dependendo da idade, da pessoa que faleceu, do vínculo dessa pessoa com os familiares e da importância dessas pessoas no contexto não só familiar, mas também comunitário.
Balanço
O TelePAN Saúde iniciou as atividades em abril do ano passado, e desde então já recebeu o cadastro de 434 pessoas em busca de ajuda e de mais de mil voluntários, o que possibilitou milhares de atendimentos e procedimentos individualizados ou em grupo.
A maioria dos trabalhadores da saúde que procuraram o projeto são homens, com média de idade de 37 anos. Mais da metade ainda estão em atendimento no TelePAN. A principal demanda foi para suporte emocional ou psicoterapia breve individual de apoio, sendo um terço desses profissionais integrantes de equipes de enfermagem. A maior parte deles foi encaminhada para atendimento com servidores ativos e aposentados da Psicologia da UFMG.
Ele também chama atenção para a possibilidade desses profissionais vivenciarem estresse pós-traumático que só ficarão evidentes meses ou anos após a situação traumática vivenciada
Projeto Telepan Rio Doce UFMG
O projeto também atua com grupos de trabalhadores da mineração que foram atingidos pela tragédia de Mariana-MG, através do Programa de Programa Participa UFMG – Mariana / Rio Doce: enfrentamento da pandemia de covid-19. Leia mais.