Tema sensível e experiências silenciadas: aborto é abordado em novo episódio da Rádio UFMG

Professoras da UFMG explicam por que a discussão pouco avança no Brasil; programa também ouviu mulheres que interromperam a gravidez


04 de novembro de 2022 - , , , ,


Pesquisa da Anis - Instituto de Bioética e da Universidade de Brasília estima que uma em cada cinco brasileiras com idade até 40 anos já realizou um aborto.
Pesquisa da Anis – Instituto de Bioética e da UnB estima que uma em cada cinco brasileiras com idade até 40 anos já realizou um aborto. Catherine McQueen via GettyImages

No Brasil, o aborto provocado pela gestante ou por um terceiro é tipificado como crime desde 1940. Na redação original do Código Penal, já estavam previstas duas circunstâncias em que esse ato não é criminalizado: se a vida da mulher estiver em risco ou se a gravidez for resultado de um estupro. Em 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela não criminalização em uma terceira circunstância: nos casos de anencefalia fetal. Desde então, pouca coisa mudou.

No episódio 92 do Outra estação, quatro professoras da UFMG ajudam a entender por que a discussão sobre aborto não avança no Brasil. Mulheres que passaram pela experiência de um aborto, legal ou ilegal, também aceitaram conversar com a equipe da Rádio UFMG Educativa.

Além das questões de saúde mental, o aborto clandestino coloca em risco a vida de meninas e mulheres no Brasil. A professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG, Sara de Pinho Cunha Paiva, informa que as complicações de um aborto clandestino podem ser várias, entre infecções, hemorragia e perfurações de órgãos que, se não tratadas de maneira correta, podem levar a morte. 

Segundo a professora Sara de Pinho Cunha Paiva, a falta de informação deixa meninas e mulheres vulneráveis ao aborto clandestino.
Sara de Pinho Cunha Paiva: falta de informação deixa mulheres vulneráveis ao aborto clandestino. Acervo pessoal

A professora Sara, que também coordena o Serviço de Atendimento à Vítima de Violência Sexual do Hospital das Clínicas da UFMG e chefia a Unidade de Saúde da Mulher do HC, avalia que mulheres com direito ao aborto previsto em lei também são expostas aos riscos de um procedimento clandestino. Isso porque a maioria das meninas e mulheres que sofrem violência sexual e engravidam não sabem que têm o direito de solicitar a interrupção legal da gestação sem a necessidade de fazer um boletim de ocorrência. “Isso impede que muitas delas não busquem o atendimento público que vai favorecer a interrupção daquela gestação”, explica a professora Sara.

Segundo dados do Ministério da Saúde, foram realizados, em 2021, 2.029 abortos legais no Brasil. Até outubro de 2022, foram registrados 1.284 procedimentos.

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(Centro de Comunicação da UFMG)