Tipos de roupas podem facilitar o aparecimento da candidíase

Dentre os diversos fatores que desencadeiam a doença, há o uso prolongado de biquínis molhados e roupas apertadas


14 de janeiro de 2016


Dentre os diversos fatores que desencadeiam a doença, há o uso prolongado de biquínis molhados e roupas apertadas

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Uso de roupas que impedem a adequada ventilação na região genital pode desencadear candidíase vulvovaginal

A candidíase é uma infecção causada pelo crescimento excessivo de um fungo chamado Candida, naturalmente presente no corpo humano. Em algumas situações, o micro-organismo pode encontrar condições favoráveis a sua proliferação, causando a doença que gera incômodo e desconforto. Segundo a professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG, Andrea Moura da Fonseca, diversas situações podem desencadear a infecção. É o caso do uso frequente de roupas apertadas, quentes e de tecidos sintéticos, que impedem a adequada ventilação na região genital, propiciando a candidíase vulvovaginal.

A professora afirma que a candidíase acomete principalmente as mulheres. “A vagina, por ser um ambiente quente e úmido, oferece as condições ideais para a sobrevivência do micro-organismo”, explica. “Além disso, o estrogênio é um hormônio tipicamente feminino que aumenta a deposição de glicogênio no tecido vaginal e consequentemente deixa a vagina mais ácida, o que predispõe ao crescimento do fungo.”, completa.

A candidíase também pode ocorrer na gravidez e em usuárias de anticoncepcionais, por interferirem nos níveis hormonais. Outros fatores importantes são o estresse, por baixar a imunidade, e a diabetes, a qual pode gerar um descontrole glicêmico. Especificamente no caso feminino, há um aumento da secreção vaginal, que assume um aspecto grumoso, semelhante ao “leite talhado”, de cor branca e sem cheiro. No caso masculino, de acordo com Andrea, pode ocorrer uma vermelhidão e descamação peniana.

Além da região genital, a candidíase pode atingir também o trato gastrointestinal e a pele, em forma de micoses.  Mas, o principal sintoma comum a homens e mulheres é o prurido ou a coceira na região acometida.

Tratamento

A professora afirma que ao apresentar os sintomas, é fundamental procurar um médico. “Existem outras situações e doenças que também causam pruridos e corrimento, por isso só o exame clínico pode diagnosticar corretamente a candidíase”, indica. É dessa maneira que também será feita a indicação do tratamento mais efetivo para cada caso. Segundo Andrea, normalmente são usadas pomadas e medicamentos de via oral.

Ela ainda diz que algumas pessoas podem desenvolver a candidíase recorrente, forma mais resistente da doença, exigindo cuidados diferenciados e tratamento prolongado que pode durar até seis meses. “Nesses casos, além do tratamento medicamentoso, é preciso eliminar todos os fatores que podem estar favorecendo o reaparecimento como o estresse, tipo de roupa e alteração da glicemia” ressalta. “Para os quadros mais resistentes e pacientes muito bem selecionadas, há ainda a opção de terapia vacinal a base de extrato de candidina que apresenta sucesso em até 60% dos casos. Mas esse não é um tratamento de primeira linha.”, continua.

A professora também lembra que alguns medicamentos podem favorecer a reincidência, como os antibióticos, por exemplo. “Esse tipo de medicação pode eliminar as bactérias que protegem a vagina, em sua maioria lactobacilos, favorecendo o crescimento do fungo”, completa.

Cuidados

Evitar o uso de roupas apertadas e quentes, em especial as de tecido sintético, é um dos cuidados destacados por Andrea tanto para prevenir a infecção, como amenizar as ocorrências. Não ficar com biquínis molhados por muito tempo, utilizar roupa íntima de algodão e, quando possível, dormir sem a peça, são outros exemplos. “Para todas as mulheres é indicado dormir sem calcinha. Esse é um momento que podemos deixar arejar a vagina e a vulva, o que ajuda a baixar a temperatura no local e prevenir diversos problemas”, indica.

Pessoas alérgicas também precisam ter uma atenção maior ao tratamento da doença. “Sabemos que há uma associação entre alergias e candidíase. O que fazemos, nesses casos, é indicar também um antialérgico durante as crises”, pontua Andrea.

Ela ainda fala sobre os trabalhos que indicam sinais positivos do uso dos probióticos para a eliminação da infecção, porém ainda não é algo concreto. Por conterem lactobacilos, eles ajudam a equilibrar a flora vaginal. “Para essas pacientes com infecção recidivada, pode valer a pena o uso, pois os efeitos colaterais dos probióticos são muito raros, mas é preciso alertar a pessoa de que pode não funcionar”, conclui.