Tratamentos atuais oferecem qualidade de vida aos parkinsonianos

Em homenagem ao Dia Nacional do Parkinsoniano (04/04), Saúde com Ciência traz recomendações para os pacientes viverem com qualidade e investiga sintomas, possíveis causas e tratamentos atuais


20 de março de 2015


Em homenagem ao Dia Nacional do Parkinsoniano (04/04), Saúde com Ciência traz recomendações para os pacientes viverem com qualidade e investiga sintomas, possíveis causas e tratamentos atuais

saudecomcienciaEla ainda não tem causa definida e seu diagnóstico é basicamente clínico, feito por exclusão, o que pode torná-lo tardio. Apesar disso, os pacientes da doença de Parkinson, que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), afeta cerca de 1% da população acima dos sessenta anos, têm no tratamento dos sintomas motores e não motores, a oportunidade de viver com qualidade.

A doença é progressiva e degenerativa e acomete o sistema nervoso, comprometendo os movimentos do corpo. Ela não causa óbito, mas pode aumentar, por exemplo, as possibilidades de o indivíduo desenvolver um quadro de demência, situação agravada de acordo com o tempo de detecção.

Entre os sintomas não motores, os cognitivos, que incluem a demência, são considerados pelo neurologista e professor titular da Faculdade de Medicina, Francisco Cardoso, os mais significativos. Ele os divide em outras três categorias: psiquiátricos, autonômicos e alterações do sono, este um dos principais temas estudados atualmente pelos especialistas da doença, uma vez que o sintoma parece acometer 60% dos parkinsonianos.

“É uma situação onde as pessoas agem durante o sonho, chama-se transtorno comportamental do sono REM. Isso é um pouco problemático, porque elas podem cair da cama e se machucarem, por exemplo, ou podem machucar o parceiro ou parceira que dorme ao lado”, explica.

Crédito: maisequilibrio.com.br

Crédito: maisequilibrio.com.br

Em relação aos sintomas psiquiátricos, a depressão é o mais importante. Cardoso também cita fatores psicóticos, mas faz uma ponderação: “Não quer dizer que a doença vai fazer com que o indivíduo desenvolva esquizofrenia, são sintomas que se encaixam genericamente nesse grupo de psicose. Não é um quadro esquizofrênico, são alucinações visuais e quadros delirantes, que afetam em torno de 20% dos pacientes”.

Já as manifestações autonômicas estão associadas às disfunções do sistema nervoso autônomo, como a hipotenção postural, uma tendência à queda da pressão arterial quando o indivíduo fica em pé. Outro fator relevante é a dificuldade no controle das excreções. “A bexiga passa a apresentar irregularidades no seu funcionamento, fazendo com que os pacientes tenham uma urgência miccional. Eles precisam se apressar para ir ao banheiro, porque o controle fica prejudicado”, afirma o neurologista.

Além dos não motores, existem os sintomas clínicos da doença, que são as alterações motoras. Segundo a também neurologista e professora da Faculdade, Sarah Camargos, além do tremor de repouso, comumente ligado ao Parkinson, outros sinais característicos que podem ajudar no diagnóstico são: rigidez, instabilidade postural e bradicinesia, que significa lentidão e pode ocorrer somente de um lado do corpo.

Os tratamentos atuais, apesar de não serem curativos, podem controlar os sintomas por meio de medicações, cirurgias, reabilitações e até terapias ocupacionais. O medicamento mais eficaz, encontrado no mercado há mais de quarenta anos, é o levodopa. “Antigamente, não se sabia o que a doença de Parkinson causava no organismo. Até que pesquisadores, entre eles o vencedor do Nobel de 1910, Albrecht Kossel, descobriram que a dopamina é um neurotransmissor, e que na doença ocorre a diminuição de neurônios que produzem a dopamina”, contextualiza Sarah Camargos. Sem a dopamina, o circuito de movimentos da pessoa é alterado, situação revertida pela levodopa.

A cirurgia como opção de tratamento é mais restrita, sendo recomendada para cerca de 10% dos pacientes. Ela consiste na colocação de um marca-passo na região do encéfalo, gerando impulsos que melhoram a movimentação do paciente. Mesmo controlando alguns sintomas motores da doença, o indivíduo não deve abandonar o tratamento farmacológico.

Além disso, Francisco Cardoso revela o crescimento de estudos científicos que propõem práticas de reabilitação, como sessões de fisioterapia e fonoaudiologia, como fatores fundamentais no tratamento. “A terapia ocupacional inclui adaptações individuais para as atividades diárias, o que envolve escolhas adequadas do vestuário e organizações do cotidiano da pessoa. Neste caso, no entanto, ainda há poucas evidências científicas que relatam um papel significativo dessas medidas”, finaliza.

Sobre o programa de rádio

Saúde com Ciência, que apresenta a série Doença de Parkinson entre os dias 23 e 27 de março de 2015, é produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. De segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h, ouça o programa na rádio UFMG Educativa, 104,5 FM.

Ele também é veiculado em outras 97 emissoras de rádio, que envolvem as macrorregiões de Minas Gerais e os seguintes estados: Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.