Unidades fechadas, pacientes desassistidos e pesquisas em risco: os efeitos da Stock Car

Ainda antes da corrida automobilística começar, os impactos já são sentidos em diferentes prédios e nos arredores do campus Pampulha


14 de agosto de 2024


CEU sitiado:
CEU sitiado: acesso dificultado há varias semanas Foto: Redes Sociais UFMG

Em razão do impacto que as provas da Stock Car terão no campus Pampulha, várias unidades da UFMG vão interromper suas atividades nos próximos dias – algumas, parcialmente, outras totalmente. É o caso do Centro Esportivo Universitário (CEU) e do Centro de Treinamento Esportivo (CTE), já que a interdição feita no trânsito do entorno do Mineirão impossibilitou o acesso a essas unidades. 

É também o caso da Faculdade de Odontologia, que se viu obrigada a adiar uma disciplina de atendimento a urgências que começaria na sexta-feira, 16, em razão da dificuldade que os pacientes terão de acessar o campus. Por causa da corrida, a população mais carente do município fica sem o atendimento odontológico oferecido gratuitamente pela Universidade em parceria com o poder público.

Outras unidades estão sob o risco de verem anos de investimento em maquinário, animais, insumos e pesquisa serem comprometidos pelos efeitos nocivos da prova. É o caso da Escola de Veterinária, que passou os últimos dias se desdobrando para retirar animais do campus, e Biotério Central, que, para piorar, não tem como fazer essa realocação e corre o risco de ver os seus ratos e camundongos afetados decisivamente pelos ruídos das provas – consequentemente, inutilizados para pesquisas. 

Essa malha de efeitos incide sobre diferentes unidades, o que levará a Universidade a passar os próximos dias e semanas mitigando e mensurando danos e prejuízos, dos acadêmicos aos materiais, dos científicos aos financeiros.

Atendimento odontológico é interrompido por tempo indeterminado
Duas disciplinas de atendimento odontológico serão interrompida na sexta-feira, dia 16 Lucas Braga/UFMG

Urgências postergadas
Em virtude da dificuldade de acesso ao campus Pampulha causada pelo evento, a Faculdade de Odontologia precisou suspender e adiar duas disciplinas clínicas (de atendimento ao público) que ocorreriam na sexta-feira, dia 16: Atenção integral à criança 2 e Urgências odontológicas. Na disciplina de atenção à criança, o tratamento ocorrerá mediante reagendamento dos pacientes para a próxima semana, sob o desafio de se conciliar o aumento da demanda com a oferta limitada de horários, já que um dia inteiro de atendimentos será subtraído do cronograma. O problema mais grave, no entanto, diz respeito à disciplina relacionada às urgências, que são atendimentos de demanda livre, por ordem de chegada – logo, não podem ser simplesmente reagendados.

“A urgência é uma necessidade imediata do paciente; ela não pode ser adiada. O paciente chega na Faculdade de Odontologia com dor, e a gente atende por meio dessa disciplina. Contudo, dada a iminência de os pacientes não conseguirem chegar até a Faculdade em razão das restrições impostas ao trânsito, fato que já está acontecendo, foi necessário suspender essa atividade clínica e orientar a comunidade a buscar outras alternativas de atendimento nessa data, longe do campus, para não ficarem sem atendimento”, informam consternados os diretores da Faculdade de Odontologia, João Batista Novaes e Patricia Valente Araujo.

A rigor, os próprios professores e estudantes dessa unidade já vêm enfrentando dificuldades para chegar ao campus desde o início desta semana, em razão das interdições que vêm sendo promovidas pelo poder público. Nesta terça-feira, relata a própria Patricia Valente, em torno das 16h, mesmo fora do horário de rush, a Avenida Carlos Luz (onde fica uma das principais portarias da UFMG, que dá acesso à Faculdade de Odontologia) encenava um engarrafamento que ia até a altura do shopping Del Rey, no sentido bairro, a direção da entrada da Universidade.

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Ewerton Martins Ribeiro – CEDECOM