Uso de dilatador nasal externo auxilia no desempenho esportivo de crianças e adolescentes, afirma pesquisa

Pesquisa relacionou melhora cardiorrespiratória com o uso do dispositivo em diferentes perfis faciais.


02 de setembro de 2024 - , , , ,


Vitor Pepino*

Foto: Tiago Estanislau / Divulgação

Atletas crianças e adolescentes com uso de dilatador nasal externo (DNE) apresentaram aumento de 10% tanto no consumo máximo de oxigênio (VO2máx), quanto nos valores do Pico do Fluxo Inspiratório Nasal, além de diminuição da percepção subjetiva de esforço, segundo mostra tese defendida por Carlos Henrique dos Santos Ferreira no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde – Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade de Medicina da UFMG.

A pesquisa buscou analisar as implicações na capacidade respiratória e na forma como os dilatadores nasais externos atuam em crianças e adolescentes atletas com diferentes perfis faciais, como o braquifacial (face curta e larga), dolicofacial (face longa e estreita) e mesofacial (crescimento proporcional entre os diâmetros vertical e horizontal). 

A linha de pesquisa em rinologia do grupo de pneumologia pediátrica da Faculdade de Medicina da UFMG, orientada pelos professores Cláudia Ribeiro de Andrade e Cássio da Cunha Ibiapina, investiga há 14 anos os efeitos do DNE em crianças e adolescentes atletas. Carlos explica que surgiu então a necessidade de um estudo que elucidasse a relação do perfil facial com esse dispositivo.

“A função nasal durante o exercício é particularmente importante para o atleta. O transporte de gases durante o exercício físico depende da integração dos sistemas cardiovascular, respiratório e musculoesquelético. À medida que a intensidade do exercício aumenta, a ventilação minuto aumenta rapidamente e verifica-se mudança da respiração nasal para a oral, para reduzir a resistência ao fluxo de ar”, afirma o pesquisador Carlos Henrique.

Ao todo participaram do estudo 63 adolescentes atletas de ambos os sexos, entre 15 e 17 anos. Foram submetidos a duas situações, a primeira um teste de corrida utilizando o dilatador nasal externo experimental e outra usando o placebo. Excluiu-se adolescentes com qualquer doença crônica como asma e rinite. Ao final, os participantes com perfil facial do tipo dolicofacial apresentaram média de consumo máximo de oxigênio maior quando comparado com os outros dois perfis. 

“Esses resultados podem ser úteis para profissionais do esporte que pretendem utilizar o DNE visando melhora do desempenho em atividades aeróbicas em adolescentes atletas. Além de outros estudos que podem ser realizados utilizando a mesma metodologia com amostras ampliadas e também as variações de gênero, para ajudar a confirmar aqueles que realmente possam se beneficiar desse dispositivo”, aponta o pesquisador. 

Dilatador Nasal Externo 

Jogos Olímpicos Paris 2024 – Marcha Atlética – Disputa da prova de revezamento misto. Na imagem o atleta Caio Bonfim. Foto: Miriam Jeske/COB

O dispositivo consiste em uma tira adesiva que se fixa horizontalmente à pele do dorso do nariz, contendo duas lâminas paralelas de plástico, indo de uma asa à outra do nariz e atuando como molas. Não há contraindicações para sua utilização. A finalidade dessas tiras é evitar que as abas das narinas se fechem atuando na região da válvula nasal. 

Em outro artigo do grupo de pesquisa de Carlos, o pesquisador e professor, Ricardo Reis Dinardi, investigou o efeito do dispositivo em  65 adolescentes atletas (sendo 35 saudáveis e 30 diagnosticados com rinite) que foram randomizados, registrando que o uso do DNE aumentou significativamente a patência nasal (medida pelo pico do fluxo inspiratório nasal) e a capacidade aeróbica, tanto nos adolescentes atletas saudáveis, quanto com rinite alérgica. Comprovando a efetividade do dispositivo em crianças com problemas respiratórios, auxiliando no desempenho. 

Carlos Henrique defende que o uso do DNE por praticantes de atividade física está cada vez mais evidente nos espaços esportivos, treinamentos ou competições. “É um dispositivo que auxilia no desempenho esportivo, além de sua facilidade de acesso, custo acessível e baixo investimento, que são grandes vantagens e podem ser uma alternativa eficaz antes de prescrever medicamentos. A relação entre os tipos de face e a eficácia dos dilatadores nasais durante o exercício é um campo que pode requerer mais pesquisas para evidências conclusivas”, conclui.


*Vitor Pepino – Estagiário de Jornalismo
Edição: Débora Nascimento