Uso medicinal da Cannabis em debate

Saúde com Ciência entrevistou especialistas da oncologia, farmacologia e medicina preventiva e social para comentarem o uso medicinal da planta


03 de junho de 2016


Programa de rádio Saúde com Ciência entrevistou especialistas da oncologia, farmacologia e medicina preventiva e social para comentarem o uso medicinal da planta

ImpressãoA Cannabis Sativa, planta popularmente conhecida como maconha, foi proibida em meados da década de 1930 na grande maioria dos países ocidentais e suas colônias. Neste contexto, cientistas continuaram pesquisando as propriedades medicinais da planta a fim de estabelecerem algumas possibilidades oferecidas pelos derivados da planta no tratamento de doenças. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu, em 2014, a primeira autorização para importação legal de um medicamento à base de Cannabis.

Dentre as possibilidades do seu uso medicinal, especialistas citam o tratamento da epilepsia, esclerose múltipla, autismo, anorexia, glaucoma, HIV/Aids, distúrbios do sono, doenças auto-imunes e câncer. Em relação ao câncer, o uso de derivados da Cannabis já é realizado em alguns países, por exemplo, os Estados Unidos, com a finalidade de amenizar efeitos colaterais da quimioterapia, como náuseas, enjoos, vômito, falta de apetite e dores neuropáticas. Vale lembrar que em nenhuma das doenças citadas o tratamento à base da planta é o principal ou o mais efetivo, mas uma possibilidade a mais para o paciente.

Para o oncologista e professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, André Murad, ampliar as opções nos tratamentos clínicos pode oferecer mais chances de recuperação ao paciente. “Em Medicina, a gente tem que ter vários produtos com a mesma indicação. Por quê? Porque, às vezes, o paciente não tolera determinada classe de medicamentos e aí você tem a opção de outra”, afirma.

Sobre o câncer, Murad exemplifica um possível benefício do uso de medicamentos com compostos da Cannabis. “Suponhamos que você tenha um paciente que esteja com náuseas e vômitos e que tenha dor neuropática. Se você pode usar um produto que resolva as duas coisas, pra que você vai usar dois?”, questiona.

Foto: Reprodução

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Sistema endocanabinoide

As substâncias presentes na Cannabis Sativa atuam em um local próprio do cérebro humano, os chamados receptores canabinoides. O cérebro também produz substâncias muito semelhantes às encontradas na planta, que agem nesses receptores. Essas substâncias são conhecidas como endocanabinoides e podem ser moduladores de uma série de atividades do organismo.

A atividade do sistema endocanabinoide mais aceita é a de que ele atua como protetor das atividades neuronais, como resume o professor do Departamento de Farmacologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, Fabrício Moreira: “Esses endocanabinoides têm a função de proteger o cérebro contra algum insulto, contra alguma toxicidade”.

Para saber mais sobre o sistema endocanabinoide e outros assuntos relacionados ao uso medicinal da Cannabis, confira a nova série do Saúde com Ciência.

Sobre o programa de rádio

O Saúde com Ciência é produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.

O programa também é veiculado em outras 177 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.