Vacina contra catapora: volta às aulas recorda a importância da prevenção

Contato maior entre as crianças nessa época favorece o contágio de doenças comuns da idade


13 de fevereiro de 2019


O contato maior entre as crianças nessa época favorece o contágio de doenças comuns da idade e que podem ser mais graves em adultos

Sintomas comuns da catapora. Foto: Bartosz Budrewicz

A catapora, ou varicela, é uma doença infectocontagiosa causada por vírus (o varicela-zoster) e é comum entre as crianças. Já nos adultos, há o receio de consequências graves do contágio tardio. Inclusive, até pouco tempo, era comum que os pais incentivassem a transmissão entre os filhos, por exemplo, devido à ideia de ser melhor ter catapora enquanto criança. Mas, para a professora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Regina Lunardi, essa atitude não faz mais sentido.

Com a vacina, disponibilizada desde 2013 pelo Sistema Único de Saúde, a pessoa se torna imune à doença. “Acredito que a prática do contato tenha sido comum antes da vacina, mas não há razão para isso uma vez que está disponível. Além disso, nunca foi uma atitude correta pela possibilidade de ter complicações, embora a catapora seja uma doença benigna na imensa maioria dos casos”, ressalta Regina.

  1. Como é a transmissão?

A catapora ou varicela se transmite com grande facilidade por via aérea ou contato com as lesões. Em dois a três dias antes do aparecimento dos sintomas a doença já está sendo transmitida e persiste até que todas as lesões tenham se tornado crostas (secas e com casquinhas).

  • Qual é a diferença dos sintomas em crianças e adultos?

Os sintomas da criança com catapora são mais brandos que os dos adultos. Primeiro tem a febre baixa, dor de cabeça e mal estar. Depois surge o exantema papulovesiculoso, que se caracteriza pelo surgimento de lesões variadas na pele e em mucosas no tronco e membros superiores, depois em todo o corpo. Essas lesões coçam muito, por isso o risco de se infectarem.

Além disso, a catapora é a única doença exantemática na qual as lesões são assincrônicas, ou seja, não surgem ao mesmo tempo. A doença evolui em cerca de uma semana.

  • Pode haver consequências graves?

Na imensa maioria dos casos é de evolução benigna e autolimitada. Mas pode haver pequenas infecções secundárias da pele, que podem deixar cicatrizes, e complicações mais sérias como piodermites graves, pneumonia, varicela hemorrágica e outras.

  • Como é feito o tratamento?

O tratamento é feito de acordo com os sintomas: anti-histamínicos para a coceira; antitérmico para a febre; e tópicos nas lesões, como óxido de zinco, por exemplo. Além desse, outros cicatrizantes e compressas de gelo podem ajudar a evitar que a pessoa coce e fique com cicatrizes.

Lembrando que o ácido acetilsalicílico (AAS) – conhecido popularmente como aspirina – é proibido em razão do risco da Síndrome de Reye, que causa comprometimento hepático e no Sistema Nervoso Central  (cérebro), podendo levar à morte.

  • A vacina é a melhor forma de prevenção?

A vacina é, indiscutivelmente, a melhor forma de prevenção e torna a pessoa imune à doença para o resta da vida. É indicada a partir dos 12 meses de idade e atualmente faz parte do calendário de vacinação do Ministério da Saúde para esta faixa etária. Em crianças maiores, adolescentes e adultos, ela é oferecida apenas em centros particulares.

As pessoas saudáveis susceptíveis à doença, em contato com a catapora, podem se proteger com a aplicação da vacina até 72 horas após o contato. Mas, como a vacina é feita de vírus vivos atenuados, não podem ser aplicadas em pacientes imunocomprometidos. Por isso, aqueles susceptíveis à doença, podem ser protegidos temporariamente com a aplicação da VZIG, uma imunoglobulina específica contra o vírus varicela zoster.