Variabilidade da frequência cardíaca pode determinar risco de morte na sepse

Medição na admissão do paciente no CTI pode evitar mortes.


21 de fevereiro de 2018


Medição da frequência na admissão do paciente no CTI pode evitar mortes

 


*
Carol Prado

Parâmetros da variabilidade da frequência cardíaca são bons predidores de mortalidade nos paciente sépticos. Ilustração: Reprodução – Pixabay

Uma das causas mais comuns de internação em CTIs no mundo, a sepse é uma infecção que, apesar de ser em uma parte especifica do corpo, reflete consequências em todo o organismo. Com o objetivo de observar a variabilidade da frequência cardíaca como indicativo de mortalidade na sepse, o cardiologista Fábio Morato de Castilho acompanhou 63 pacientes sépticos do Hospital das Clínicas da UFMG de 2012 a 2014.

O estudo foi defendido como tese no Programa de Pós-graduação em Ciências Aplicadas à Saúde do Adulto da Faculdade de Medicina da UFMG. Fábio Morato explica que o risco de morte por sepse é de no mínimo 10%, portanto é uma infecção grave.“O importante não é a média de batimentos, mas o quanto eles variam”, afirma o cardiologista. De acordo com o médico, os pacientes sépticos que, na admissão do CTI, estão com diminuição da variabilidade da frequência cardíaca, têm maiores chances de falecer.

Dos pacientes acompanhados por Fábio, 16 faleceram. “Quando o paciente perde a capacidade de variar a frequência cardíaca e ela passa a ser mais fixa, mais altas a chances de óbito” explica o autor da pesquisa.

Metodologia
O parâmetro usado na pesquisa foi o Standard Deviation of NN (SDNN), ou seja, desvio padrão de NN, sendo que NN significa “intervalos válidos entre batimentos sucessivos”. “Chegamos a um parâmetro, a partir do SDNN, de que, quando a variação era menor que 17 milissegundos, o paciente tinha maior probabilidade de vir a óbito”, esclarece.

O estudo mostrou que, de fato, alguns parâmetros da variabilidade da frequência cardíaca são bons predidores de mortalidade nos paciente sépticos. Entretanto, ainda serão necessárias novas pesquisas para determinar um “ponto de corte” entre quais frequências são determinantes para a morte de um paciente.

“Precisamos definir o melhor parâmetro para chegar a um ponto de corte. É algo que ainda tem de ser validado em estudos maiores, para então haver a possibilidade de trazer algo mais prático para avaliar a morte na sepse” continua Fábio.

Sepse
O projeto de pesquisa relacionado a variabilidade da frequência cardíaca na sepse é um dos temas de um conjunto maior de pesquisas sobre sepse do Hospital das Clínicas do qual Fábio faz parte. Segundo o médico, o tema é muito recorrente em hospitais, e conseguir um método de priorizar atendimentos poderia evitar mortes.

“A ideia é que, na admissão no CTI, pudesse ser feita a medida da variabilidade cardíaca para determinar os pacientes que correm maior risco e colocá-lo em um tratamento mais agressivo”, argumenta o cardiologista. “Por outro lado, pode-se ficar mais tranquilo com pacientes com um prognostico melhor. O ideal é estar em alerta para os pacientes de risco”, conclui.

O artigo foi publicado na revista Plos one e disponível para leitura online, e um segundo artigo está para ser submetido, dando continuidade à pesquisa.

 

Variabilidade da frequência cardíaca como preditor de mortalidade da sepse

Autor: Fábio Morato de Castilho
Nível: Doutorado
Programa: Ciências Aplicadas à Saúde do Adulto
Orientador: Marcos Roberto de Souza
Coorientador: Antônio Luiz Pinho Ribeiro
Vandack Alencar Nobre Júnior
Data da defesa: 24 de novembro 2017