Violência preocupa profissionais do transporte público


26 de abril de 2013


Programa de rádio desta semana destaca pesquisa em andamento sobre o tema: passageiros são apontados como responsáveis por 87% dos casos de violência relatados.

Produção, consumo e crescimento da economia. Essas são as principais contribuições de mais de 44 milhões de trabalhadores ativos que o Brasil possuía até 2010, segundo dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Mas para que esses números estejam em alta, além de ampliar as ofertas e os postos de trabalho, é necessário promover a segurança e a saúde desses profissionais.

Esse é um dos objetivos de uma pesquisa da Faculdade de Medicina da UFMG, ainda em fase de finalização, que questiona a qualidade de vida de um profissional fundamental para que o planejamento diário de uma cidade não seja comprometido: os trabalhadores rodoviários.

Ilustração: Carina Cardoso

De acordo com a autora desse estudo, a professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social, Ada Ávila Assunção, se não bastasse a precariedade das condições de trabalho, que vai desde a falta de manutenção dos ônibus à exposição constante a ruídos intensos, a violência é outro fator que preocupa esses profissionais. “Foi curioso notar que cerca de 35% dos entrevistados relataram ter pensado em mudar de local de trabalho em decorrência de casos de agressão ou ameaças”, afirma.

Alterações cardiovasculares, doenças respiratórias e distúrbios do sono também estão entre os problemas relatados na pesquisa realizada em 2012, que entrevistou 1607 motoristas e cobradores nas cidades de Belo Horizonte, Betim e Contagem. A professora ainda revela que 44% desses trabalhadores apresentaram sobrepeso, que estaria relacionado à percepção que eles têm do trabalho e das dificuldades vivenciadas no dia a dia.

Mas como prevenir esse quadro? Para a professora Ada Ávila, as mudanças devem ser discutidas levando em conta as necessidades humanas dos operadores do serviço de transporte. “Já existem vários documentos internacionais que indicam como projetar o próprio ônibus. Mas também é importante pensar na organização dos horários na empresa, como as jornadas se organizam e como um turno se sucede ao outro”, indica.

Os demais dados dessa pesquisa serão discutidos em um seminário dedicado à saúde dos trabalhadores do transporte público, com data ainda a ser definida. “Vamos debater com os agentes indicados as políticas ou ações necessárias para reverter a situação em que esses profissionais se encontram”, adianta a professora.

Tema da semana

Na série Saúde no Trabalho, especialistas discutem o uso da voz como instrumento de trabalho, assédio moral, adicional de insalubridade e os perigos de quem lida com produtos tóxicos, entre outros assuntos. Confira a programação:

Saúde dos motoristas e dos cobradores – segunda-feira (29/04/2013)

Trabalhos com produtos tóxicos – terça-feira (30/04/2013)

A voz como instrumento de trabalho – quarta-feira (01/05/2013)

Relações de trabalho e saúde psicológica – quinta-feira (02/05/2013)

Postura e esforços físicos no trabalho – sexta-feira (03/05/2013)

Sobre o programa de rádio

O Saúde com Ciência é produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. De segunda a sexta-feira, às 5h, 8h ou 18h03, ouça o programa na rádio UFMG Educativa, 104,5 fm. Ele ainda é veiculado em vinte e oito emissoras de rádio em Minas Gerais. Também é possível conferir as edições pelo site do Saúde com Ciência.