Você sabe o que é sepse?

Quadro pouco compreendido é responsável por um quinto das mortes em todo o mundo.


08 de maio de 2023 - , , , ,


A sepse, quadro clínico popularmente conhecido como infecção generalizada, é o maior responsável por mortes em UTIs do Brasil. Segundo dados da Fiocruz, mais de 240 mil brasileiros morrem todos os anos em função da sepse. No mundo, mais de 11 milhões de óbitos ocorrem anualmente em função da sepse.

O professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG e convidado do Saúde com Ciência, Vandack Alencar Nobre Júnior, afirma que a sepse é uma resposta desregulada do organismo a um insulto infeccioso. Infecção essa que pode ser causada por bactérias, vírus, fungos ou outros micro-organismos.

“Quando uma infecção leva a uma resposta imunológica e inflamatória mal regulada do organismo, junto com o processo infeccioso, acaba acarretando num mau funcionamento de um ou mais sistemas do nosso corpo” definiu o professor. Ele explica ainda que o principal sistema afetado por essa disfunção é o sistema circulatório.

A sepse, ainda que seja um quadro preocupante por si só, pode evoluir para outro ainda mais grave: o choque séptico. O professor Vandack Nobre explica que ele é uma disfunção do sistema circulatório que é marcada por uma queda de pressão arterial. “O paciente, na vigência de uma infecção grave, tem uma queda de pressão arterial, e a pressão não responde à administração de soro, e você tem que assim iniciar vasopressores”, detalhou.

Prevenção e conscientização: as melhores estratégias contra a sepse

De acordo com o professor Vandack Nobre, uma das recomendações de prevenção para que uma infecção não evolua para um quadro de sepse é o controle das comorbidades. Pacientes de doenças como o diabetes ou doenças pulmonares obstrutivas crônicas, por exemplo, devem fazer um bom controle de sua situação de saúde para evitar internações e, assim, se prevenir contra infecções sobrepostas.

“O uso de vacinas pode ser também uma maneira importante de prevenir a sepse. Por exemplo, o órgão mais acometido como sítio de infecção nos casos de sepse, sem dúvida, são os pulmões. E a gente tem vacinas contra a covid, contra a influenza”, complementou o professor. Ele explicou que uma infecção por parte desses vírus pode causar sepse, mas que eles também podem servir como facilitadores para infecções sobrepostas causadas por bactérias.

“A gente precisa informar as pessoas acerca desse diagnóstico, esclarecer de fato o que é a sepse. Existe uma confusão de termos que confundem as pessoas. Eu acho que o termo sepse está se consolidando como um termo mais conhecido, inclusive entre nós, profissionais de saúde”.

Professor Vandack Alencar Nobre Júnior

Por fim, o professor alerta que a população deve ficar atenta à manifestação de sintomas como febre, mal-estar, sobretudo quando acompanhados de alguma debilitação de sistemas como o respiratório ou urinário, ou a presença de uma ferida cirúrgica. “A meningite também é sempre uma situação emergencial de abordagem terapêutica. Portanto, paciente com febre, dor de cabeça, vômito, tontura, é sempre importante procurar o atendimento médico o quanto antes”, finalizou Vandack Nobre.

Saúde com Ciência

No programa de rádio Saúde com Ciência desta semana vamos conversar sobre a sepse, quadro de infecção grave que é pouco compreendido, mas um dos maiores causadores de óbito no Brasil e no mundo.

O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.