40 anos entre os estudantes da Medicina


26 de maio de 2009


Na próxima sexta-feira, dia 29 de maio, a partir das 12h, o DAAB vai homenagear os 40 anos do Braz com seu salão “Raízes da Tricotomia”. No evento haverá bolo, música ao vivo e o descerramento da placa que nomeará o espaço onde atualmente funciona o salão como a Sala Braz Indiano Souza. O som será voz e violão e ficará por conta de Nathália Indiana, filha do Braz.

Braz Indiano de Souza, “o barbeiro do DA”, como é conhecido por todos na Faculdade se emociona ao contar as histórias dos 40 anos de trabalho no Diretório Acadêmico Alfredo Balena (DAAB). “Vim pra cá na época da ditadura. Foi um tempo difícil, sofremos muita pressão da polícia. Era bomba de gás, metralhadora. A polícia vinha em cima da gente pra saber quem eram os estudantes que comandavam o DA”, relembra.

Braz começou a trabalhar na Faculdade de Medicina em 1969. Antes ele cortava cabelo na Faculdade de Engenharia. “Foi uma troca. O “Seu Chaves” que trabalhava aqui na Medicina me propôs de trocar com ele e eu aceitei. Ele foi pra Engenharia e eu vim pra cá. Pra mim foi ótimo”, conta.

Nascido e criado no interior, Braz cresceu no sítio que era de seu pai, em Engenheiro Caldas. “Comecei a trabalhar com agricultura. Mas depois segui o exemplo do meu irmão mais velho, comecei a trabalhar como cabelereiro e assim é até hoje”, explica.

As lembranças da época da ditadura são duras, mas trazem algumas risadas. “Eu tinha sempre que dar uma escorregada e desviar o assunto com a polícia para o pessoal escapolir”. Braz lembra que uma vez havia um aluno fazendo panfletos em um mimeógrafo quando a polícia chegou. “Ele estava em uma sala aqui no DA. Quando a polícia perguntou, eu disse que ele estava em aula, ai eles saíram. Corri lá dentro e avisei, o aluno fugiu ali pelos fundos. Quando a polícia voltou para procurá-lo, ele já tinha saído. Os casos são muitos e nem tudo eu me lembro. Uma vez a coisa ficou feia, eles levaram uns 400 estudantes presos de madrugada”, conta.

Além da profissão de barbeiro, Braz também se dedica ao violão. Ele estudou música por três anos e sempre ensaia nas horas vagas. “Gosto de todo tipo de música. Agora mesmo estava tocando Zé Ramalho. Mas também gosto de reggae, música popular… Já tive até uma banda de rock na década de 80, chamava Energia Cósmica”. Ele também conta que já tocou na noite pra ganhar um dinheiro a mais no orçamento.

Sua simpatia cativa a todos. Pelo salão, batizado de “Raízes da Tricotomia”, passa todo tipo de pessoa. “A maioria dos clientes é homem. Os alunos estão sempre por aqui. Os médicos e professores, que são ex-alunos, também continuaram fiéis”, se alegra. E o nome é uma homenagem a profissão da maioria de seus clientes. “Quando a prefeitura ficou em cima para que eu registrasse o salão, decidi colocar um termo médico, científico, para homenagear o pessoal que freqüenta. Tricotomia é um termo muito usado por médicos. Nas cirurgias, se há pêlos no local a ser cortado, eles fazem tricotomia, que é a retirada desses pêlos. Então, muitos chegam aqui e dizem: Braz, faz uma tricotomia aqui por favor. E a partir disso eu criei esse nome”, explica.

Braz tem duas filhas e ao avaliar todos esses anos no DAAB, ele diz que só tem a agradecer. “Criei minha família aqui, hoje só tenho motivos para comemorar e agradecer a todas as diretorias que já tiveram na Faculdade de Medicina, por me agüentar aqui por todos estes anos. Agradeço muito a todos, por todo esse tempo”, se emociona.

Redação: Maíra Lobato – Jornalista