‘UFMG sem gripe’ monitora circulação de infecções na comunidade universitária

Laboratório da Faculdade de Farmácia testa pessoas com sintomas gripais; projeto se desdobra em pesquisas sobre medicamentos


29 de maio de 2025


Às segundas e quartas-feiras, das 8h às 11h, estudantes, professores e servidores técnico-administrativos com sintomas gripais, geralmente associados a influenza, gripe ou covid-19, podem se testar para essas doenças no Laboratório Institucional de Pesquisa em Biomarcadores (Linbio), na Faculdade de Farmácia, no campus Pampulha. Os testes podem ser feitos por pessoas de 18 a 50 anos. Caso os resultados sejam positivos, as pessoas serão informadas sobre os melhores procedimentos a serem tomados ou encaminhadas para atendimento no Posto de Saúde Jardim Montanhês, na região Noroeste de Belo Horizonte, onde atua a equipe de saúde do CT Terapias Avançadas e Inovadoras.

A ação integra o projeto UFMG sem gripe, coordenado pelos professores Mauro Martins Teixeira, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), e Adla Martins Teixeira, da Faculdade de Educação (FaE). A professora Adla, responsável pelas ações de engajamento comunitário e produção de materiais didáticos no âmbito do CT Terapias Avançadas e Inovadoras da UFMG, conta que o projeto está inserido em um esforço maior de pesquisa e intervenção em saúde pública que, há quase uma década, atua junto a comunidades locais e escolas de Belo Horizonte com foco na prevenção de arboviroses e síndromes gripais. 

Ela conta que um dos pilares do UFMG sem gripe é o letramento da comunidade acadêmica sobre as doenças gripais. “A gripe é banalizada pelas pessoas, mas uma pessoa gripada pode passar o vírus para idosos, crianças, grávidas ou outros que têm a saúde mais frágil e que podem ter complicações. Daí a importância de mostrar às pessoas da comunidade universitária, principalmente os mais jovens, que eles precisam se cuidar quando apresentam sintomas gripais”. 

Adla Martins acrescenta que, aos primeiros sintomas gripais, estudantes, professores, servidores técnico-administrativos e demais membros da comunidade universitária devem, em até 48 horas, se dirigirem à Faculdade de Farmácia, onde poderão realizar os testes que detectam os principais vírus que circulam nesta época do ano. O resultado dos testes sai em 10 minutos. A professora destaca que o letramento sobre a gripe trata da responsabilidade com o outro, uma vez que as pessoas vivem em comunidade. 

“Precisamos mudar nossa percepção depois do que passamos com a pandemia de covid-19, ou seja, é necessária uma responsabilidade com o outro. O estudante precisa entender que deve buscar ajuda em 48 horas e, depois que fizer o teste, ele ainda vai se informar sobre o que fazer para proteger o outro, como a importância do uso de máscara ou a necessidade de se ausentar das aulas por um tempo. Assim, ele não coloca pessoas mais vulneráveis em risco”, recomenda a professora. 

Desdobramento na pesquisa

Além das ações de extensão que visam à divulgação dos cuidados para as síndromes gripais, o projeto conta com ações de pesquisa. O professor e coordenador do CT Terapias Avançadas e Inovadoras, Mauro Teixeira, explica que há três estudos diretamente associados ao UFMG sem gripe: dois para o desenvolvimento de novos medicamentos para combater o vírus e outro que busca entender os tipos de vírus respiratórios que circulam na cidade.

“Para esses estudos, é importante conseguirmos acessar as pessoas que apresentam sintomas respiratórios, como coriza, nariz entupido, tosse, febre, gotejamento nasal ou dor de cabeça. Nossa ideia é fazer um estudo do ponto de vista de novos medicamentos para combater doenças respiratórias virais e educar a comunidade universitária para isso”, diz Mauro Teixeira.

Além dos testes, o projeto vai promover campanha de divulgação por meio de panfletos, folders e outras ações, algo semelhante ao que foi feito com o Projeto Evita Dengue, em 2020. “A UFMG está preocupada com a saúde da comunidade acadêmica e da cidade porque os alunos podem levar as doenças respiratórias para seus avós e pais. O retorno social tem a ver com a nossa responsabilidade de realizar o letramento em saúde dos nossos alunos para melhorarmos a qualidade de vida da comunidade”, conclui Adla. 

Na UFMG, também participam do projeto o professor Renato Santana de Aguiar, do ICB, e Adriano de Paula Sabino, da Faculdade de Farmácia. O UFMG sem gripe tem o apoio da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e conta com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), do Conselho de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Universidade de Oxford, do MORU Tropical Health (instituição tailandesa), do Welcome Trust e do Instituto Todos pela Saúde.


(Luana Macieira | Agência de Notícias UFMG)