Como o Ozempic realmente funciona?

Inicialmente desenvolvidos para o tratamento do diabetes, medicamentos à base de semaglutida, como o Ozempic, se popularizaram pelo efeito colateral de perda de peso.


15 de setembro de 2025 - , , , , ,


O Ozempic é um medicamento produzido a partir de um princípio ativo chamado semaglutida. O remédio é injetável, de aplicação subcutânea. O próprio paciente pode realizar a aplicação, que deve ocorrer semanalmente. É o que explica o professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UMFG e convidado do Saúde com Ciência, Gustavo Penna.

“Esse remédio é da classe dos análogos de GLP1, que é um hormônio secretado no nosso trato gastrointestinal. Ele mimetiza esse hormônio, agindo no centro da fome, dando uma saciedade mais precoce ao indivíduo, reduzindo o esvaziamento do estômago, ele reduz a velocidade com que o estômago se esvazia. Então, o paciente tem uma sensação de plenitude mais precoce. E ele melhora a ação da insulina, por isso que ele é eficiente nos pacientes portadores de diabetes”.

Professor Gustavo Penna

O professor relembra que existem outros medicamentos nessa mesma classe além do Ozempic. “Começou com a liraglutida, inicialmente para o diabetes. Depois, eles fizeram um só com a dose alterada dessa liraglutida, e ficou em bula também para a obesidade. A mesma coisa para o Ozempic, que é a semaglutida”, detalha ele.

Além deles, o professor cita o Wegovy, medicamento que possui dosagem maior, mas o mesmo princípio ativo. “Colocaram na bula também o tratamento para obesidade ou sobrepeso, o índice de massa corporal acima de 27 quilos por metro quadrado. São medicamentos inicialmente utilizados para diabetes e que foi visto um benefício na perda de peso desses indivíduos com estudos subsequentes aos estudos originais para diabetes”, prossegue o professor.

Atualmente, o Brasil possui cinco medicamentos aprovados para o tratamento da obesidade: a sibutramina, o orlistate, a liraglutida, a semaglutida (caso do Ozempic e do Wegovy) e a tirzepatida (o Monjaro). “Comparando com os medicamentos que a gente tinha antes, como a sibutramina, como o orlistate, a eficácia da perda de peso do Ozempic é muito maior do que esses medicamentos”, explica o professor. Além disso, os medicamentos à base de semaglutida podem ser utilizados de forma crônica, prolongada. “A sibutramina a gente não deve usar dessa forma. E a semaglutida tem efeitos metabólicos muito interessantes. Tem estudos, por exemplo, que mostram que pacientes que já tiveram um evento cardiovascular, como um infarto prévio, e usam o Ozempic, diminuem o risco de um segundo evento”, prossegue.

O professor Gustavo Penna finaliza abordando as indicações do Ozempic. “Toda essa classe de medicamentos, a recomendação é o índice de massa corporal (IMC) acima de 27 ou 27,5 com comorbidades: o indivíduo que tem uma apneia de sono importante, ou o paciente que tem gordura no fígado. Ou o paciente com obesidade, que é um índice de massa corporal acima de 30”, conclui.

Ouça o podcast na íntegra:

Saúde com Ciência

No programa de rádio Saúde com Ciência desta semana, conversamos sobre o Ozempic e a semaglutida. Entendemos o funcionamento dos medicamentos, suas indicações e efeitos colaterais. Além disso, também discutimos os resultados a longo prazo e a realidade de acesso no Brasil.

O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a quinta-feira, às 7h15, no programa Bom Dia UFMG. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.