Imunodeficiência primária é tema de simpósio


24 de abril de 2015


Entre os dias 20 e 23 de maio, a Faculdade de Medicina da UFMG recebe o 5º Simpósio Internacional de Imunodeficiências Primárias (Sidep). O simpósio contará com a presença de especialistas, nacionais e internacionais, na área de Imunologia clínica e laboratorial. Serão abordados os aspectos práticos do diagnóstico e tratamento das imunodeficiências primárias, além dos principais avanços de pesquisa ocorridos nesse campo.

Segundo o professor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina e presidente do simpósio, Jorge Andrade Pinto, a imunodeficiência primária constitui em um grupo de mais de 200 doenças em que há o acometimento de um ou mais componentes do sistema imunológico. Normalmente, essas doenças são genéticas e usualmente se apresentam como uma propensão a infecções. “Tem desde doenças graves, com manifestação no nascimento, que são chamadas imunodeficiências combinadas graves, até doenças mais benignas, que vão se manifestar ao longo da infância e na idade adulta”, explica.

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Ainda de acordo com o professor, existe um grande desconhecimento, tanto da população geral, quanto da área médica em relação a essas doenças. Por isso, a importância de se debater o tema durante o simpósio. “Essa é uma das maiores ênfases que a gente quer com o simpósio: dar conhecimento mais amplo aos profissionais sobre essa doença, porque se nós pudermos fazer o diagnóstico precoce, nós conseguimos modificar o curso evolutivo dessas doenças”, avalia.

As imunodeficiências primárias são consideradas doenças raras, já que a prevalência geral na população é estimada em um para 5 mil a um para 10 mil. Como exemplo clássico da doença, Jorge Andrade Pinto lembrou-se do “bubble boy” ou o garoto bolha. A história do menino, que virou filme, conta que ele tem uma imunodeficiência combinada grave, com ausência completa de resposta imunológica e que vivia isolado, em uma bolha, pois nada poderia ser feito para ele. O professor lembra que, naquela época, em meados da década de 1970, ainda não existia transplante de medula e os medicamentos eram pouco disponíveis. Dentre as mais comuns está a chamada imunodeficiência comum variada, em que falta anticorpo na pessoa e as imunoglobinas estão baixas. Esses pacientes se manifestam com infecções de vias aéreas superiores, sinusite, pneumonia ou otite recorrente.

De acordo com Jorge Andrade, no caso da imunodeficiência comum variada, o tratamento é simples, apenas com a reposição de imunoglobina. “Um paciente com diabetes, falta insulina. Paciente que tem problema de tireóide, você repõe o hormônio da tireóide. Nesse caso, você repõe a imunoglobina e esse paciente tem uma vida normal”, exemplifica. Ainda segundo o professor, como são inúmeras doenças, é preciso individualizar o tratamento. Alguns pacientes requerem de outras medidas, como o transplante de medula óssea, por exemplo.

Jorge Andrade Pinto aponta ainda quais são os sinais de alerta para as imunodeficiências primárias. A lista foi desenvolvida pela Fundação Jeffrey Modell juntamente com Cruz Vermelha norte-americana. Confira:

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