Maior nível de escolaridade está associado a maior expectativa de vida


18 de dezembro de 2019


Estudo inédito do Salurbal, com participação da Faculdade de Medicina da UFMG, encontrou diferença de até 18 anos entre as regiões analisadas da América Latina, sendo que o tempo a mais está associado à média de escolaridade das regiões. Em Belo Horizonte, a diferença é de quase 5 anos.

O projeto Saúde Urbana na América Latina (Salurbal) publicou uma pesquisa inédita em que evidencia a relação entre expectativa de vida e a condição socioeconômica, medida pelo nível de escolaridade, da área de residência dos cidadãos. Considerando as regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Buenos Aires, Santiago, São José, Cidade do México e Cidade do Panamá, viver em área com maior nível de escolaridade pode implicar em uma expectativa de vida maior em até 18 anos. No caso de Belo Horizonte, essa diferença é de, aproximadamente, cinco anos.

“Esse é o primeiro estudo que possibilita comparar a expectativa de vida de seis importantes regiões urbanas da América Latina, bem como verificar as disparidades dentro de cada uma e começar a investigar o quanto podem ser modificadas”, destaca a professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG, Waleska Caiaffa, pesquisadora coordenadora do ramo Brasil no Salurbal.

“Agora deve-se pensar nas políticas públicas, olhando não só para o que a saúde pode fazer, mas verificando a qualidade de vida dessas pessoas na cidade”, declara Caiaffa. “Esses resultados destacam a importância do desenvolvimento de políticas urbanas focadas na redução das desigualdades sociais e na melhoria das condições sociais e ambientais nos bairros mais pobres das cidades latino-americanas”, ressalta.

Além da relação com a escolaridade, a pesquisa identificou importantes diferenças entre as expectativas de vida de homens e mulheres, sendo que elas vivem mais, independentemente da região analisada. Há diferença média de 16 anos na expetativa de vida entre homens e mulheres na cidade do Panamá, de 11 anos em Santiago do Chile e de 9 anos na Cidade do México. “Em relação as outras metrópoles do estudo, Belo Horizonte está bem situada, porque a disparidade entre a expectativa de vida do homem e da mulher (média de cinco anos) é menor do que outras analisadas”, conta a pesquisadora.

Ela alerta que isso significa que os homens estão morrendo muito mais cedo e é um sério problema demográfico. “Ao inverter a pirâmide etária temos disparidade de proporção entre mulheres e homens. Sem contar que há muitos casos onde só eles trabalham, então essas mortes precoces comprometem a renda da família”, lembra.

“Do ponto de vista da saúde já se trabalha com uma série de questões, agora é preciso também pensar no território em que essas pessoas vivem, como vivem, se transportam, qual é o tipo de lazer, a alimentação e todas as suas possibilidades do cotidiano”, acrescenta Caiaffa.

Leia mais aqui.