A importância do aleitamento saudável


04 de agosto de 2011


Amamentar é um ato de aproximação entre mãe e filho. Na Semana Nacional da Amamentação, instituída pelo Ministério da Saúde e pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) entre os dias 1º e 7 de agosto, convidamos a professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Maria Cândida Bouzada, para explicar porque o aleitamento materno é tão importante para a criança.

“O leite materno é o alimento perfeito até pelo menos os dois anos da vida”, afirma a pediatra. Ela explica que o leite é constituído de inúmeras substâncias como proteínas, carboidratos e gorduras, além de conter importantes fatores de defesa. “Existe, por exemplo, uma importante imunoglobulina que forma uma espécie de ‘tapete’ protetor no trato gastrointestinal do bebê, evitando a infecção por bactérias e vírus”, explica a professora.

Importantes órgãos de saúde, como a Organização Mundial de Saúde, a própria SBP e o Unicef recomendam que o leite materno seja o alimento exclusivo até os seis meses de idade. Depois, a dieta pode incorporar outros grupos alimentares, de acordo com a orientação do pediatra.

A professora Maria Cândida afirma que dar água e chás para o bebê durante os primeiros seis meses de vida é uma prática ainda comum. “O leite materno exclusivo cumpre as necessidades alimentares da criança. Muitas mães ainda usam água como complemento, inclusive com indicações de profissionais da saúde, o que é muito sério, porque esta prática expõe a riscos de infecção e desmame”, alerta.

Benefícios

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Entre outros benefícios mencionados pela pediatra, a amamentação auxilia o desenvolvimento físico, neurológico, visual e emocional do bebê; protege contra infecções, além de transmitir anticorpos. Segundo Maria Cândida, pesquisas apontam que crianças alimentadas exclusivamente com leite materno até os seis meses têm riscos menores de se tornarem adultos obesos e de desenvolver diabetes.

Em relação ao desmame, não existe idade específica para que ele ocorra. Para ela, a interrupção da amamentação deve ocorrer de forma natural, quando mãe e criança entenderem que é o momento certo.

Amamentação com qualidade

Em maio deste ano, várias mães promoveram, em São Paulo, um “mamaço”, como forma de protestar ao veto imposto a uma mulher que amamentava seu filho em uma exposição pública. “Soa estranho, em pleno século XXI, uma mãe ser impedida de amamentar seu filho em público”, opina. “A mãe tem o direito de decidir se ela quer amamentar ou não o seu filho e os profissionais de saúde têm o dever de saber orientar de forma correta, sendo um agente de apoio, proteção e promoção do aleitamento materno.”

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Falta de leite

Na avaliação de Maria Cândida Bouzada, as causas da agalactia – falta de leite – são bem raras, já os casos de hipogalactia – redução da produção – são resultantes em grande parte da falta de orientação e apoio no pré-natal ou no pós-parto.

A pediatra orienta: as mães que, por algum motivo, não produzem leite suficiente para alimentar seus filhos, não devem dar leite de outra mãe para a criança, como era costume com as chamadas “amas de leite”, hoje denominado aleitamento cruzado. A doação de leite deve ser realizada aos Bancos de Leite, onde após triagem da mãe doadora, o alimento é pasteurizado antes de ser utilizado.