Aborto na perspectiva do sistema de saúde é tema de seminário

O Seminário “Aborto e Saúde Coletiva”, que ocorre no dia 28 de junho, debate o tema a partir das pesquisas da professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG, Flávia Bulegon Pilecco. O evento ocorre na sala 268 da Instituição, às 10h e é aberto ao público, sem necessidade de inscrição prévia.

A pesquisadora afirma que é importante trazer o debate para dentro da Universidade, já que em algum momento das suas carreiras, os estudantes de Medicina podem ter contato, no serviço de saúde, com pessoas que fizeram aborto. “Devido à ilegalidade da prática, esse assunto é silenciado dentro do exercício da Medicina. Debater isso é importante, principalmente para que os estudantes entendam que não devem tratar essas mulheres de forma estigmatizada, porque não é esse o papel do serviço de saúde”, afirma.

Por ser considerado crime, exceto em casos de anencefalia do feto, risco de morte para a mãe e estupro, Flávia Bulegon comenta que é difícil compreender a prática do aborto no Brasil. “Segundo estimativas, uma a cada cinco mulheres fez um aborto até os 40 anos. Uma questão recorrente é que são feitos em ambientes inseguros, já que elas recorrem à ilegalidade. Assim, nós do serviço de saúde não podemos garantir a segurança desse processo”, expõe.

Além disso, Pilecco debaterá as motivações de se proibir a prática do aborto no país. “É importante discutir isso, pela magnitude do aborto, já que as pessoas vão fazer de qualquer forma, ou seja, a proibição não coíbe”, pontua. “A gente deve pensar mais as razões de criminalizar as práticas. Temos que pensar sobre as motivações da ilegalidade e a quem essa ilegalidade pune, porque são principalmente mulheres negras, pobres e até imigrantes que sofrem com isso. Será que são questões médicas ou questões puramente religiosas?”, reflete.