Cólica frequente pode ser sinal de endometriose


11 de julho de 2014


 

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As cólicas acometem 65% das mulheres, segundo dados da pesquisa Dismenorreia e Absenteísmo no Brasil (Disab).  A dor é causada pelas contrações do útero para expulsão do endométrio – tecido que reveste o interior do órgão – durante a menstruação.

Outros sintomas físicos são comuns no período menstrual, como retenção de líquido e sensação de peso nas pernas. Questões como constipação intestinal, dores na coluna,  estresse ou cansaço podem também estar relacionadas à dor. Mas quando há uma exarcebação desses sintomas, deve-se ter maior atenção: pode ser sinal de algo mais, como um mioma – espécie de tumor benigno que cresce no útero, uma doença inflamatória pélvica.

“É preciso acompanhar que tipo de cólica é essa, se é a mesma coisa todo mês, se melhora ou não com o analgésico. Quando essa dor interfere na qualidade de vida da mulher, ela deve procurar ajuda médica, para que seja feito um diagnóstico correto”, orienta a professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG, Márcia Mendonça Carneiro.

Segundo a professora, nos casos sem gravidade, as atividades físicas, por exemplo, podem ajudar: elas produzem endorfinas, que são nossos “analgésicos”. O tratamento é bastante amplo, e trabalha o bem-estar da mulher como um todo, envolvendo inclusive acompanhamento psicológico, já que às vezes o sofrimento é de longa data.

Endometriose

Outro problema que pode estar relacionado às cólicas é a endometriose, que consiste na presença do tecido endométrico, que deveria ser eliminado na menstruação, nos ovários ou na cavidade abdominal. Em média, as mulheres sofrem de 5 a 12 anos com cólicas menstruais até que seja feito o diagnóstico.

Esse refluxo, que não tem causas conhecidas, acontece em 90% das mulheres, mas só cerca de 10% delas desenvolvem a doença. Por gerar um processo inflamatório, pode causar, além de cólica menstrual, dor na relação sexual, ou para evacuar durante o ciclo menstrual.

“A endometriose, que produz reações inflamatórias, modifica um pouco da anatomia interna da mulher, deixando um órgão mais aderido no outro, podendo causar desconfortos. A gravidade da doença, porém, não tem a ver com a dor. Às vezes, mulheres com um quadro leve da doença, sentem muita cólica, e mulheres que têm quadros mais graves, de acometimento do intestino ou da parte de trás do útero, por exemplo, quase não sentem nada. É muito individual”, explica Márcia.

Nem toda mulher que tem endometriose é infértil, mas 50% das que são inférteis têm endometriose. A doença regride espontaneamente com a menopausa, em razão da queda na produção dos hormônios femininos, mas o tratamento consiste no uso de medicamentos para suspensão da menstruação – diminuindo a contração do útero, o refluxo, e reduzindo todo o processo inflamatório que está associado à menstruação e à ovulação. Em casos mais graves, as lesões são retiradas cirurgicamente.

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