Com planejamento multidisciplinar, tratamento do ronco e da apneia se torna melhor


25 de maio de 2018


Trabalho em equipe de especialistas de diversas áreas traz mais benefícios para pacientes com esses distúrbios

*Raíssa César

Em conferência “Ronco e apneia”, especialistas debatem equipe multidisciplinar. Foto: Carol Morena

Segundo especialistas, uma equipe multidisciplinar, com profissionais da fonoaudiologia, fisioterapia, medicina, odontologia e psicologia, por exemplo, é o ideal para o tratamento de distúrbios respiratórios do sono, como o ronco e a apneia (interrupção da passagem do ar por cerca de dez segundos ou mais). Este tema foi discutido no 3º Congresso de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG, na Conferência “Ronco e apneia” que aconteceu hoje, 25 de maio, no Salão Nobre da Instituição.

De acordo com a fonoaudióloga do Ambulatório Multidisciplinar de Distúrbios do Sono da Unicamp, Marieli Timpani Bussi, o paciente com tais distúrbios precisa de um planejamento multidisciplinar e individual, já que o tratamento deve ser específico, de acordo com sua rotina. “Não basta apenas a prática de exercícios fonoaudiológicos. É necessário avaliar o histórico do paciente e a adequação do ambiente, de forma individual, pensando no que é primordial para cada um”, afirmou.

Neste contexto, a fonoaudióloga apresentou diferentes tratamentos que podem ser aliados no cuidado ao paciente. De acordo com ela, a melhora dos hábitos de sono é o primeiro passo para melhorar a qualidade de vida. Para isso, é necessário, por exemplo, ter um horário regular para dormir e despertar.

“Nos fins de semana, temos o costume de tentar tirar o atraso do sono, dormindo até tarde. É importante, porém, não passar de uma hora e meia ou duas a mais do horário que estamos habituados a acordar”, explicou a especialista.

Conferência foi ministrada pela fonoaudióloga Marieli Timpani Bussi. Foto: Carol Morena

Além disso, ela discorreu sobre a necessidade de ir para a cama somente no horário de dormir, além de evitar alguns hábitos como a ingestão de álcool, café, refrigerante e alimentos pesados próximo a esse horário. “É importante saber a rotina da pessoa e fazer uma boa anamnese antes de passar orientações de higiene do sono. Às vezes, modificando toda essa rotina, o paciente já apresenta melhora”, continuou.

Em casos mais graves de apneia, porém, é comum o uso de um aparelho que joga pressão aérea contínua com o objetivo de manter a via aérea aberta, chamado CPAP, ou o aparelho intraoral, que leva a língua para frente para liberar a passagem de ar.

Nesses casos, a fonoterapia é efetiva como coadjuvante na adaptação aos aparelhos. “Muitas vezes, o aparelho CPAP, por exemplo, joga a pressão de ar na boca, mas a pessoa não tem força na musculatura para segurar. Isso leva à perda da pressão”, disse Marieli. “O fonoaudiólogo pode trabalhar no fortalecimento dessa musculatura, para ajudar no vedamento labial e manter a pressão direcionada para o lugar correto. É um trabalho em conjunto”, acrescentou.

Fonoaudiologia e distúrbios respiratórios do sono

“O ronco é a vibração de estruturas moles da faringe. Se a musculatura fica muito flácida, ela pode fechar a passagem do ar, levando à apneia”, explicou Marieli Timpani Bussi. “Quando o cérebro identifica a falta de oxigenação, ele manda um alerta para a pessoa acordar. Isso pode acontecer repetidas vezes durante o sono. Nos casos leves, isso acontece de 5 a 15 vezes por hora, podendo chegar, em casos mais graves, a 112 vezes por hora”, acrescentou.

Segundo ela, o objetivo do trabalho fonoaudiológico é a adequação muscular e funcional da respiração com a finalidade de aumentar o espaço na faringe e diminuir a obstrução da passagem do ar, que, na verdade, é a meta de todo o trabalho contra o ronco e a apneia. Este trabalho, em conjunto com as outras técnicas, traz mais benefícios para o paciente. A fonoaudióloga destacou, ainda, que o tratamento é importante porque a apneia prejudica a qualidade do sono e de vida da pessoa.

Programação

Foto: Carol Morena

O Congresso teve seu início no dia 24 com oficinas, sessão de pôsteres, apresentação oral de trabalhos e duas mesas-redondas. A programação, nesta tarde, conta ainda com quatro mesas-redondas, com as temáticas voz, audiologia e saúde coletiva.

Amanhã, dia 26, também estão previstos a abordagem dos assuntos específicos de áreas da Fonoaudiologia, como voz, linguagem, motricidade orofacial, audiologia, saúde coletiva e práticas interprofissionais.

Acesse a programação completa do 3° Congresso.

Mais informações: Departamento de Fonoaudiologia – 3409-9117 ou 3congressofono@gmail.com

Redação: Raíssa César – estagiária de jornalismo
Edição: Deborah Castro