Concluída etapa de pesquisa que já identificou 236 bebês nascidos com anticorpos para covid-19


30 de agosto de 2021 - , , , , , , ,


Ao longo dos próximos dois anos serão feitos inquéritos por telefone, consultas e testes de desenvolvimento dos bebês dos grupos soropositivo e controle. Foto: Sidney Oliveira / AG. Pará.

Nesta terça-feira, 31 de agosto, a pesquisa da Faculdade de Medicina da UFMG que acompanha bebês e mães que tiveram covid-19 durante a gestação concluiu seu primeiro ciclo de testes. A pesquisa será retomada em outubro para avaliar o desenvolvimento das crianças expostas ao vírus em comparação ao grupo controle.

Entre os resultados, foram encontrados 236 casos de recém-nascidos com anticorpos para covid-19 nas cidades participantes, entre os dias 19 de abril e 16 de agosto. Do total, 115 já foram testados após o segundo mês de vida.

O estudo é inédito e utiliza o teste do pezinho junto com a testagem das mães para identificar a infecção e acompanhar repercussões no desenvolvimento infantil dos recém-nascidos soropositivos. O estudo conta com parceria do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad) da Faculdade de Medicina, da Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG) e da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

Cinco cidades mineiras estão participando. São elas Uberlândia, Contagem, Itabirito, Ipatinga e Nova Lima. Os critérios para a escolha dos municípios foram a taxa de prevalência de covid-19, o número de nascimentos por mês e a existência de rede de apoio para eventual necessidade de reabilitação das crianças com alterações nos testes de neurodesenvolvimento. A interlocução é feita pela Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais, que demandou o estudo para apoiar o planejamento em saúde pública no estado.

Resultados preliminares da pesquisa já haviam apontado que a maioria das mães que se infectaram pelo Sars-Cov-2 durante a gestação poderiam passar anticorpos para os bebês por meio da transferência placentária

Metodologia

A pesquisa utiliza a rede de coleta da triagem neonatal, conhecida popularmente como teste do pezinho, realizada em Minas Gerais pelo Nupad, órgão complementar da Faculdade de Medicina da UFMG. A mesma gota de sangue no papel filtro coletada para a triagem neonatal é utilizada na pesquisa. Dessa forma, os bebês não passam por nenhum procedimento diferente do habitual. A novidade é a testagem das mães, via punção digital (como é feito o exame de glicose, por exemplo), que são convidadas a participar do estudo nos postos de saúde, no momento do teste do pezinho de seus filhos. 

A rede de transporte das amostras já existe desde os anos 90, quando o Nupad começou seu trabalho na triagem neonatal. A técnica de testagem de anticorpos para covid-19 no papel filtro do teste do pezinho (chamada de dosagem em sangue seco) foi validada por estudo prévio do Núcleo.

Como a coleta de sangue na pesquisa é feita na primeira semana após o parto, a imunidade observada necessariamente foi adquirida durante a gestação, já que o IgG demora pelo menos 15 dias após a infecção para testar positivo. Ao longo dos próximos dois anos serão feitos inquéritos por telefone, consultas e testes de desenvolvimento dos bebês dos grupos soropositivo e controle.