Conjuntivite pode ser um sintoma de covid-19

Além dos sintomas comuns de gripe, inflamação no olho pode ser uma manifestação do novo coronavírus. Saiba quais são os cuidados nesse caso


06 de abril de 2020 - , , , ,


*Giovana Maldini

A conjuntivite é um processo inflamatório da conjuntiva, membrana transparente que reveste, principalmente, a área branca dos olhos. Essa manifestação pode ser causada por diversos agentes, inclusive pelo novo coronavírus (SARS-COV-2), responsável pela atual pandemia. Isso ocorre quando o vírus entra em contato com a superfície ocular, o que provoca a inflamação.

“A conjuntivite não é a principal manifestação do novo coronavírus, mas pode sim ser desencadeada pelo agente causador da doença. Entretanto essa informação não é surpresa, já que vírus mais conhecidos, como de gripes comuns, também podem levar ao quadro de conjuntivite, ao entrar em contato com os olhos”, afirma o professor e subchefe do Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da UFMG, Daniel Vitor Santos. 

“Todas as infecções aéreas superiores podem levar à inflamação da conjuntiva. Por isso, quando o paciente está com suspeita de conjuntivite, nós sempre perguntamos se ele apresentou algum quadro respiratório recente, como tosse e coriza. Se o indivíduo relata isso, a probabilidade de ser uma conjuntivite viral aumenta significativamente”, comenta Daniel. 

Segundo o especialista, os vírus são os principais causadores das conjuntivites infecciosas, sendo altamente contagiosas, ainda que de pouca gravidade. Mas, eles não são os únicos responsáveis pela doença. Nesse grupo, existem também bactérias, fungos e parasitas, por exemplo.

No caso de conjuntivite não infecciosa, ou seja, em que não há risco de contágio, o professor cita que pode ocorrer “quando algum produto químico entra no olho e provoca queimadura da superfície ocular ou algum quadro irritativo, por exemplo, o que é chamado de conjuntivite química”. Outro tipo é quando os cílios crescem para dentro do olho e causam irritação.

Tratamento da conjuntivite no cenário de pandemia

Mesmo que a principal recomendação seja procurar um médico ao apresentar os sintomas da conjuntivite, o cenário de pandemia do novo coronavírus mudou essa orientação. Segundo o professor Daniel, é preciso individualizar a indicação. 

Como não há um tratamento específico para a conjuntivite viral, os cuidados são para diminuir os sintomas e desconforto, que duram de uma a três semanas. “Se a pessoa apresenta somente os sintomas comuns da conjuntivite, como olhos vermelhos, secreção e inchaço da pálpebra, o mais prudente, neste contexto de pandemia, é tratar em casa. Recomendamos que seja feita a higiene ocular, com uso contínuo de soro fisiológico gelado”, explica. Se as pálpebras estiverem muito inchadas, compressas de gelo também podem ajudar. 

“Mas se o paciente apresentar sinais mais graves, como baixa visão ou manifestação respiratória preocupante, como falta de ar, é recomendado procurar uma Unidade Básica de Saúde”

Daniel Vitor Santos 

O professor ainda alerta para os riscos de alguns remédios caseiros no tratamento da conjuntivite. “Muitos sugerem uso de leite materno, arruda, água boricada e até mesmo limão. O olho é uma superfície muito delicada, por isso deve-se evitar essas preparações caseiras. A melhor forma de tratar a doença é com soro fisiológico”, afirma. 

Transmissão e cuidados

Segundo Daniel, a transmissão da conjuntivite ocorre durante a manifestação dos sintomas e principalmente pelo contato. Para as pessoas sintomáticas, o mais importante é ter precauções, inclusive como forma de responsabilidade social, para evitar que a doença se dissemine com facilidade. 

“Nesses casos, sempre recomendamos um distanciamento social. Por exemplo, crianças têm costume de se aproximar mais, dar abraços, devido a isso, a recomendação é afastá-las de escolas e creches, até se recuperarem. Pois, nesses ambientes, a chance de propagação da doença é alta”, alerta Daniel. 

Em tempos de Pandemia, ressalta-se: cubra a boca com o antebraço ao tossir ou espirrar; higienize as mãos com frequência; dê preferência para lenços descartáveis ao invés de toalhas de pano e evite contato muito próximo com outras pessoas.

O professor lembra que uma recomendação importante para a prevenção de conjuntivites infecciosas é evitar aglomerações. Isso porque os locais com muitas pessoas facilitam a circulação do vírus. No inverno, por exemplo, período em que os indivíduos ficam mais próximos e em ambientes fechados, as chances de contrair doenças, como gripes, resfriados comuns e até mesmo conjuntivites, aumentam.

Por isso, principalmente nesta época de enfrentamento ao novo coronavírus, #SePuderFiqueEmCasa e siga as orientações dos especialistas.


*Giovana Maldini – estagiária de jornalismo
Edição: Deborah Castro