Crinter

Desde a adolescência, eu sonhava com a ideia de fazer um intercâmbio acadêmico. O sonho não se tornou realidade durante o colégio e o ensino médio, mas, ao entrar na Faculdade de Medicina da UFMG, eu imediatamente comecei a pesquisar caminhos para que isso acontecesse. No entanto, mais do que a experiência de viajar para um lugar diferente, eu queria uma oportunidade de estudos alinhada com os meus objetivos acadêmicos e propósito profissional. Descobri várias possibilidades de intercâmbio ao longo da faculdade, mas nenhuma delas tão perfeita para mim quanto o Estágio Optativo Internacional.

Para quem não sabe, no 12º Período, temos o Internato Optativo, de cerca de três meses, em que, por sorteio, podemos tentar estágio em alguma das inúmeras especialidades que são oferecidas. Esse é um grande privilégio e vantagem da Faculdade, pois nos permite explorar opções mais direcionadas para nosso futuro profissional e, com a liberdade de realizar esse estágio fora da Universidade, podemos também conhecer outras instituições. No meu caso, até mesmo outros países! Com a ajuda de um professor da UFMG, que tinha contatos na Mayo Clinic, e do Crinter, eu consegui organizar meu Estágio Optativo para acontecer no setor de Neurologia deste hospital, uma das instituições mais renomadas do mundo, localizada na cidade de Rochester, Minnesota, nos Estados Unidos.

Posso dizer, indubitavelmente, que foi uma das experiências mais marcantes da minha vida a imensa oportunidade que tive em acompanhar, durante três meses, a prática e o ensino da Neurologia por grandes mestres. A maior parte do meu estágio ocorreu dentro do Departamento de Distúrbios do Movimento, em especial a área da Doença de Parkinson, que muito me interessa. No restante do tempo, junto com o professor que aceitou minha visita à instituição, conseguimos organizar uma escala para englobar tempo nos ambulatórios de Distúrbios do Sono, Transtornos Cognitivos, Cefaleias, Doenças Desmielinizantes, além do Laboratório do Movimento, Departamento de Urgências e Emergências Neurológicas e a enfermaria do Hospital. Em todos esses ambientes, eu atuei apenas como observadora, sem poder realizar consultas ou examinar pacientes. Inicialmente, isso foi algo que me trouxe o receio de que a experiência não seria tão produtiva… afinal, os meus melhores estágios na Faculdade de Medicina da UFMG foram os que me permitiram “colocar a mão na massa” e ter um contato próximo com os pacientes. No entanto, para minha felicidade, “apenas” observar se tornou uma grande vantagem, pois me permitiu ter um olhar mais atento nas consultas e na rotina do Hospital e me forneceu tempo e calma para, aos poucos, ir compreendendo as inúmeras diferenças na Medicina nos Estados Unidos.

No âmbito acadêmico, meu maior ganho foi a vivência e o aprendizado de como é a Medicina e, mais especificamente, a Neurologia em um sistema completamente diferente de como se organiza a saúde no Brasil, com suas particularidades e semelhanças, e com médicos mundialmente reconhecidos e renomados. Acredito que, para muitos, um dos maiores receios em um cenário como esse possa ser a falta de hospitalidade dos profissionais locais com estudantes e estrangeiros. Minha experiência foi exatamente o contrário; não esperava ser tão bem recebida e acolhida pela equipe da Neurologia como fui. Já no âmbito pessoal, pude viver a experiência de morar em um país que em tantos aspectos se diferencia do nosso, além da oportunidade de conhecer tantos lugares maravilhosos e pessoas especiais.

Abraçar a possibilidade de fazer o Estágio Optativo no exterior é algo que eu recomendo para qualquer um que me perguntar, especialmente considerando os infinitos caminhos pelo qual esse Estágio pode ser moldado, de forma a contemplar os mais distintos interesses, orçamentos, possibilidades e disponibilidades. O Estágio vai muito além da Medicina; é a chance de espiar o que o mundo tem para oferecer de diferente!

Gostaria de deixar aqui também o meu mais profundo agradecimento a todos que fizeram isso ser possível.