Depoimento
João Pedro T. Batista
Aluno que foi para o George Washington University, nos EUA em 2022.
É difícil colocar em palavras uma das maiores experiências que eu tive a oportunidade de viver durante a Faculdade de Medicina. O estágio na The George Washington University (GWU) foi algo completamente inesperado para mim e meu colega de curso, André. Aplicamos inicialmente para um estágio online, onde faríamos duas disciplinas ministradas à distância. Passadas algumas semanas da seleção, fomos surpreendidos com a boa notícia do retorno dos estágios internacionais presenciais na GWU e que nós seríamos os primeiros alunos a retornarem a Washington DC, após um longo período de estágios suspensos devido a COVID-19. Foi uma longa jornada até que pudéssemos de fato viver a experiência do estágio, mas valeu a pena todo o esforço.
Inicialmente, o processo seletivo para o estágio envolve análise de currículo, carta de motivação e entrevista com o professor coordenador do CRInter e a secretária do departamento. Após a seleção, somos orientados sobre como funciona o estágio prático e quais são as opções de rotação para os 2 meses, sendo 1 mês em cada especialidade médica de nossa escolha. Eu optei por gastroenterologia e medicina intensiva, mas no final acabei sendo aceito apenas na minha primeira opção (gastroenterologia), sendo alocado na nefrologia como segunda rotação. Após os longos meses de preparação, incluindo documentação como visto, cartão de vacina, histórico escolar e cartas de recomendação, o estágio foi formalizado e assim fomos colocados em contato com a secretária da GWU que procedeu com as orientações finais. O estágio se iniciou na primeira semana de janeiro.
Para mim sempre foi um sonho realizar um estágio nos Estados Unidos, dada a minha vontade de fazer residência médica no mesmo país. Eu não fazia ideia de quantos desafios eu encontraria na realização do estágio prático, entretanto tive tutores e colegas muito compreensíveis ao longo desse processo. A imersão em um sistema de saúde diferente, com a medicina praticada em outra língua, foi a principal dificuldade inicial. Na minha primeira semana no departamento de gastroenterologia fui apresentado ao meu professor tutor e aos residentes, que foram muito solícitos em tirar dúvidas e me mostrar o funcionamento do sistema de prontuário eletrônico do hospital e a rotina de passagem de casos na enfermaria. Eu ficava responsável por 1 paciente inicialmente, progredindo à medida que ganhava mais confiança com a dinâmica. Ao longo das 4 semanas, fui capaz de melhorar bastante minhas habilidades de passagem
de caso no modelo adotado por eles, além de ter aprendido muito sobre gastroenterologia nos rounds e em aulas diárias oferecidas tanto pelos preceptores quanto pelos residentes.
O segundo mês de rotação foi no departamento de nefrologia. Já me sentindo mais confiante após o primeiro mês de adaptação, fui capaz de demonstrar mais proatividade na prática clínica, correspondendo às habilidades que eram esperadas de mim. Dessa maneira, tinha mais autonomia para examinar os pacientes e sugerir as condutas, em discussão com meus preceptores e residentes. Também pude aprender muito sobre nefrologia clínica. Um ponto alto, foi rodar no setor de transplantes e poder acompanhar os procedimentos pré e pós transplante nos pacientes internados. Além disso, também tive a oportunidade de publicar um relato de caso de um paciente que acompanhei na enfermaria, sob a supervisão de um dos tutores.
De maneira geral, o estágio na GWU é uma experiência riquíssima, não apenas para os estudantes que almejam fazer residência no exterior, mas para todos aqueles que desejam aprimorar as habilidades médicas em cenários completamente diversos da realidade brasileira. As vivências no estágio contribuíram em muito para a minha formação médica e também me ensinaram a valorizar mais o nosso sistema único de saúde. Posso dizer que essa foi uma experiência desafiadora, mas extremamente recompensante.
Por último, é sempre importante agradecer à Faculdade de Medicina da UFMG, por oferecer experiência de tamanha qualidade aos seus alunos, e aos professores e funcionários que tanto se dedicam para fazer com que esse acordo se mantenha durante os anos.