CTVacinas detecta nova linhagem da variante ômicron no Brasil

Subvariante tem sido a principal causa de contaminações e mortes por covid-19 nos Estados Unidos


11 de maio de 2022 - , , ,


Estudo sobre incidência da variante ômicron incluiu cerca de 208 mil amostras de todas as unidades da federação
Variante ômicron é mais infecciosa e tem mais habilidade de escapar da resposta imune dos organismos. Niaid (EUA)

A equipe do CTVacinas da UFMG, integrante da Rede Vírus-MCTI e da Rede Corona-Ômica BR-MCTI, detectou a circulação de uma linhagem da variante ômicron do Sars-CoV-2 em Minas Gerais. Trata-se da BA.2.12.1, predominante nos Estados Unidos, que ainda não havia sido detectada no Brasil.

Segundo o professor Flávio da Fonseca, pesquisador do CTVacinas e vinculado ao Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, a nova linhagem tem características comuns à variante ômicron, ou seja, é mais infecciosa e consegue, mesmo que parcialmente, fugir da resposta imune de organismos vacinados ou que já foram infectados pelo Sars-CoV-2. “Essa linhagem se dissemina mais com maior rapidez que as outras da ômicron presentes no país. Daí a nossa preocupação com a descoberta”, diz.

A detecção da nova linhagem se deu graças a um evento internacional ocorrido no Rio de Janeiro. Após o evento, três pesquisadores de Belo Horizonte voltaram à capital com sintomas da covid-19 e fizeram o exame RT-PCR. Pesquisadores do CTVacinas perceberam que as três amostras continham quantidade de vírus muito alta. “Como se tratava de um encontro com a presença de estrangeiros, decidimos realizar o sequenciamento genético das amostras para detectar a variante. E constatamos que a nova linhagem havia chegado por aqui”, explica Flávio da Fonseca.

O pesquisador acrescenta que a detecção de novas linhagens é importante no contexto de vigilância epidemiológica e genômica que precisa ser feita pelos governos. “Toda vez que surge uma variante, ela se subdivide em linhagens que podem ter características diferentes. As novas linhagens podem ser mais infecciosas, mais graves, mais transmissíveis ou mais resistentes a anticorpos vacinais ou de infecções prévias. Por isso é importante monitorar a entrada de novas linhagens para verificar se aumentarão os casos de infecção e se essas novas linhagens vão se difundir”, diz o professor.

Flávio Fonseca
Flávio da Fonseca: manter o esquema vacinal em dia é essencial para evitar o surgimento de novas variantes e linhagens do vírus. Foto: Arquivo pessoal

Com o alerta dado pelo CTVacinas, algumas providências padrão serão tomadas pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES). Pessoas infectadas serão contactadas para realização do contact tracing, que é o rastreamento de todas as pessoas que tiveram contato com o contaminado, e será feito acompanhamento para descobrir se a nova linhagem vai se espalhar e para definir formas de contenção.

Imunização reduz mutações

Flávio da Fonseca destaca a importância de que as doses de reforço das vacinas contra a covid-19 continuem sendo tomadas e que todos mantenham o esquema vacinal em dia, visto que a imunização minimiza o surgimento de novas mutações no vírus. “Quanto mais o vírus se multiplica, mais ele sofre mutações. Quanto mais ele sofre mutações, maior é a chance do surgimento de uma variante nova. Portanto, se a vacina ajuda a impedir que o vírus se multiplique, ela também ajuda a impedir que novas variantes importantes apareçam.”

Ainda segundo o pesquisador do CT Vacinas, a vacina também garante que as pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2 desenvolvam sintomas mais brandos e apresentem menor quantidade de vírus em seus organismos, o que reduz a transmissibilidade e favorece o fim da pandemia.

“Temos a expectativa e a esperança de que, neste ano ou no ano que vem, a situação de pandemia seja encerrada e que o vírus da covid-19 entre em uma condição endêmica e sazonal, semelhante à da influenza nos dias de hoje. O Sars-CoV-2 vai continuar circulando, mas conseguiremos conviver com ele”, conclui Flávio da Fonseca.


(Luana Macieira – Centro de Comunicação da UFMG)