Cuidado adequado da família é desafio na intervenção em bebês com deficiência auditiva


30 de agosto de 2018


O tema foi debatido durante o “Simpósio Franco-Brasileiro sobre audição: desafios para Saúde Pública”, que ocorreu nesta quinta-feira, 30 de agosto, na Faculdade de Medicina da UFMG

O protagonismo da família na intervenção em bebês com deficiência auditiva e que usam implante coclear é o principal desafio para o desenvolvimento linguístico dessas crianças. É o que mostram diversos estudos na área de audiologia e reforça a fonoaudióloga e professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Beatriz Novaes.

Palestrante e professora da Puc-SP, Beatriz Novaes. Foto: Carol Morena

Durante a palestra “Avanços em Saúde Auditiva no Brasil: da Triagem Auditiva ao Implante Coclear”, realizada no Simpósio Franco-Brasileiro sobre Audição, nesta quinta-feira, 30 de agosto, a professora afirma que a interação e o diálogo são a chave para o desenvolvimento linguístico, além do uso adequado do dispositivo, que deve ser de, no mínimo, 10 horas por dia.

“A intervenção é um desafio muito grande, porque a criança precisa usar o dispositivo em casa e precisa ser estimulada. Os pais precisam conversar com ela”, explicou a professora. Beatriz destacou a necessidade do cuidado e atenção da família durante o processo, de maneira a garantir bons resultados futuros.

De acordo com ela, os pais devem se atentar para que o bebê use o dispositivo durante o período em que está acordado, sem retirá-lo do lugar, repondo-o em caso de quebra, entre outros cuidados. “Não adianta realizar a triagem precoce na maternidade, colocar o aparelho com menos de seis meses, começar a intervenção e não usar o dispositivo da forma correta”, continua.

As orientações sobre o uso adequado do dispositivo e a importância do protagonismo dos pais, no entanto, não são recebidas pelas famílias da mesma maneira. “Em famílias em que a expectativa dos pais em relação à educação, à linguagem e ao futuro profissional são altas, o investimento e cuidado com a intervenção são maiores”, explica.

Saber orientar os pais adequadamente faz parte do cotidiano do especialista, sendo fundamental para a criança. “Por isso, temos realizados grupos com os pais para que possam lidar com isso, para que eles melhorem as expectativas em relação ao futuro de seus filhos e passem a fazer o uso correto do aparelho coclear”, completa a professora

Dianteira

O diagnóstico precoce da perda auditiva em recém-nascidos, por meio da triagem neonatal, é importante para que recebam o tratamento e sejam estimulados a desenvolver a fala e a linguagem. Nesse quesito, o Brasil tem muito a compartilhar. “Em outros países, como a França, as pesquisas sobre perfis de perda auditivas são avançadas, mas como diagnosticar essas perdas, o Brasil está à frente e temos que aprender com ele”, comente o professor da Universitade Clermont-Auvergne, na França, Paul Avan.

Simpósio

Simpósio Franco-Brasileiro sobre audição: desafios para Saúde Pública segue com programação até 1º de setembro, na Faculdade de Medicina da UFMG. O evento é promovido pelo Departamento de Fonoaudiologia e o curso de pós-graduação em Ciências Fonoaudiológicas da Faculdade de Medicina da UFMG em parceria com a Université Clermont Auvergne (UCA), da França.

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