Cuidados simples podem assegurar a saúde dos olhos

Proteção solar e observação das lágrimas fazem parte da rotina de cuidados.


18 de fevereiro de 2019


Proteção solar e observação das lágrimas fazem parte da rotina de cuidados

*Carol Prado

Foto: Carol Morena

O olho é um órgão muito frágil. A córnea, camada transparente externa à íris, é uma película fina, com espessura inferior a um milímetro, portanto, pode ser facilmente perfurada. Traumas nessa região geralmente acarretam na perda da visão. Sendo responsáveis por 80% da forma de percepção do mundo dos indivíduos, os olhos precisam de cuidados. Esses são simples, mas indispensáveis à saúde em longo prazo. Confira:

Lubrificação anormal

Uma lágrima saudável é composta por três camadas. “Uma camada aquosa, uma camada lipídica, e uma camada mucoide. O equilíbrio entre as três camadas é que garante a qualidade da lágrima”, conta o professor do Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da UFMG e atual presidente da Associação Brasileira de Oftalmologia Pediátrica, Galton Vasconcelos. “Se a lágrima tem uma relação anormal de muco ou de gordura, ela vai ter uma evaporação anormal, ou seja, o paciente vai perder rapidamente essa lágrima, ela vai ter uma qualidade ruim”, destaca.

O oftalmologista revela que uma lubrificação anormal não é apenas caracterizada pelo olho seco, mas que também pode levar a quadros de lacrimejamento. “Não necessariamente ter lágrima significa ter lágrima de qualidade. Muitas vezes, um lacrimejamento com vermelhidão ocular, pode indicar um lacrimejamento anormal. Quando acontece realmente uma falta de lágrima, podem haver lesões da córnea”, afirma Galton. Anormalidades na lubrificação do olho devem ser avaliados por um profissional oftalmologista.

Luz solar

Não usar óculos de sol durante o dia pode sim ser prejudicial à visão. O professor Galton Carvalho Vasconcelos, explica. “Existe um buraco na camada de ozônio e esse buraco favorece as radiações ultravioleta que são prejudiciais para os componentes do olho, para o cristalino e para a retina. Então é preciso usar não só óculos de sol, mas óculos de sol de boa qualidade”, declara. 90% dos óculos de sol vendidos em camelôs apresentam fator de proteção. Mas não é possível diferenciar os que têm ou não a proteção.

Hábitos a serem evitados

Coçar os olhos é prejudicial à saúde. Em alguns casos, o hábito pode agravar doenças como o ceratocone, doença degenerativa que causa deformação da córnea, como conta o professor do Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da UFMG, André Aguiar. Além disso, “em olhos de míopes, pode levar a hemorragias na retina. Quando a pessoa coça, a pressão do olho aumenta muito e pode levar a diversos problemas”, conta.

O uso indiscriminado de colírios, por sua vez, pode levar a um efeito rebote, ou seja, aumentar uma irritação ao invés de resolvê-la. “Muita gente vai à farmácia, compra um colírio qualquer e usa. Mas colírio de corticoide, por exemplo, pode levar a glaucoma e a catarata”, revela o professor que alerta que o medicamento só deve ser usado sob orientação de um oftalmologista.

Proteção contra traumas

O oftalmologista André Aguiar afirma que, muitas vezes, os traumas acontecem devido à falta do uso de proteção em atividades perigosas. “A pessoa que estava trabalhando na construção civil, batendo um prego e perfura o olho. Criança mexendo com tesoura, os pais precisam ficar atentos a objetos perfurantes. E qualquer adulto, se for fazer trabalho de carpintaria, jardinagem, sempre usar óculos de proteção”, enfatiza.

Ele afirma ainda que, na falta de equipamento específico, deve-se utilizar óculos antigos ou óculos de sol, que são barreiras físicas aliadas na proteção do órgão.

Autoexame

São recomendadas visitas ao oftalmologista a cada um ou dois anos. Em casos de indivíduos já diagnosticados com algum problema, a frequência de consultas pode ser maior. André Aguiar sugere o autoexame como aliado na percepção da necessidade de procura um especialista. “Olhar um objeto distante, tampar um olho depois o outro e conferir se os dois estão enxergando igual. Não é raro de chegar pessoas aqui (Hospital das Clínicas da UFMG) com descolamento de retina a três, quatro meses e não sabiam que estavam sem enxergar de um olho”, revela.

Sobre o programa de rádio

Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.

O programa também é veiculado em outras 145 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.

Também é possível ouvir o programa pelo serviço de streaming Spotify.

*Carol Prado – estagiária de jornalismo

Edição: Maria Dulce Miranda