Curso sobre doença falciforme capacita profissionais em parceria com MEC


14 de setembro de 2016


Entre setembro e dezembro deste ano, 400 servidores municipais da Educação de Minas Gerais e Bahia serão capacitados por meio do ensino a distância para a temática da doença falciforme na escola. Trata-se de uma iniciativa inédita financiada pelo Ministério da Educação (MEC) a partir da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi).

Intitulado “Ressignificando a doença falciforme: a diversidade no contexto escolar”, o curso é promovido pelo projeto “Saber para Cuidar: doença falciforme na escola”, do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias (Cehmob-MG) – parceria entre o Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da UFMG (Nupad) e Fundação Hemominas, e propõe fortalecer a capacidade técnica e política dos profissionais da Educação, melhorando a atenção aos alunos que convivem com a doença.

As aulas são ofertadas na plataforma do Centro de Apoio à Educação a Distância da UFMG (Caed) e se organizam em quatro módulos, em um total de 45 horas. Entre os temas abordados estão a doença falciforme e seus contornos na História e na atualidade, as peculiaridades da doença no contexto escolar e a articulação em redes. “A ideia é pensar em uma rede de apoio junto com o professor, porque o aluno com doença falciforme está na escola, mas de forma invisível”, destaca a coordenadora do “Saber para Cuidar”, Isabel Castro. Segundo ela, o curso é resultado da cooperação existente desde 2014 entre o projeto e a Secadi.

Divididos em 14 turmas, os cursistas receberão acompanhamento de uma equipe multiprofissional de tutores, composta por enfermeiros, psicólogos, pedagogos, nutricionistas e assistentes sociais, entre outros. A proposta é que, ao final das aulas, os alunos apresentem uma ação de intervenção para a comunidade na qual está inserido. “O objetivo é mudar a assistência à pessoa com doença falciforme, por isso o curso precisa ter aplicabilidade na prática”, pontua a coordenadora.

Sensibilizar e multiplicar

Isabel explica que, para definir os participantes, foi feito um trabalho anterior de sensibilização dos gestores municipais, para que eles pudessem conhecer a proposta do curso e indicar os profissionais: “Queremos que os cursistas sejam referência, multiplicadores”. Entre os municípios representados estão Belo Horizonte, Contagem, Ribeirão das Neves e Januária, em Minas Gerais, e as cidades baianas de Salvador, São Francisco do Conde, Feira de Santana, Ilhéus e Itabuna.

Após essas turmas, a previsão é que, em 2017, sejam oferecidas mais mil vagas também para servidores do Maranhão, Pernambuco e Rio de Janeiro, completando, assim, os cinco estados que apresentam a maior incidência da doença falciforme no país. “A ideia é que continue o projeto, para irmos a outros estados e levarmos a articulação entre Educação e Saúde para promover a atenção integral”, afirma Isabel.

Além do MEC, o curso conta também com o apoio da Federação Nacional das Associações de Pessoas com Doenças Falciformes (Fenafal) e do Programa Ações Afirmativas da UFMG.

Doença falciforme

Considerada uma das doenças hereditárias mais comuns no Brasil e que acomete principalmente a população negra, a doença falciforme é uma alteração genética que afeta o sangue e provoca diversas complicações, como obstrução dos vasos sanguíneos, infecções e crises de dor. Desde 1998, com a realização da triagem neonatal (teste do pezinho) para a doença falciforme em Minas Gerais, tornou-se evidente a alta incidência da doença no estado: um caso para cada 1,4 mil nascidos vivos.