Dez mitos e verdades sobre a fertilidade
08 de julho de 2013
Um em cada dez casais apresenta dificuldades para gerar filhos. Segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 60 a 80 milhões de casais no mundo são inférteis. Um casal que aparentemente não tenha nenhum histórico de fatores ligados à infertilidade deve procurar o médico após um ano de tentativas sem resultado, orienta o professor do departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG, Aroldo Camargos.
Quando já houver fator de infertilidade conhecido – como ciclos menstruais irregulares ou baixa qualidade dos espermatozoides – ou quando a mulher estiver acima dos 35 anos, o casal deve procurar atenção médica precocemente.
Várias doenças genéticas e quadros ligados ao número e a anomalias nos cromossomos podem afetar a fertilidade. Mas os fatores genéticos não são os únicos responsáveis pela dificuldade para engravidar. Doenças adquiridas, como as sexualmente transmissíveis (DSTs), também podem afetar o processo.
Dúvidas não faltam quando a questão é fertilidade. O ginecologista Selmo Geber, também professor do departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG, esclarece alguns dos mitos e verdades que rondam o assunto.
1 – O uso prolongado de pílula contraceptiva causa infertilidade.
MITO. Na verdade existem alguns estudos que apontam o oposto, as pílulas contraceptivas protegeriam a fertilidade da mulher. Mas é preciso ter cuidado, pois a pílula não impede a contaminação por doenças sexualmente transmissíveis, e, uma vez contraídas, algumas DSTs podem chegar à trompa e obstruí-la, levando à infertilidade. Assim, apesar das pílulas não representarem problema algum, ainda é preciso adotar outros meios de proteção durante a relação sexual, como a camisinha.
2 – Mulheres que possuem síndrome dos ovários policísticos não podem engravidar.
MITO. Essa síndrome está relacionada à ausência de ovulação, ou seja, suas portadoras tendem a ovular menos, cerca de três vezes por ano, enquanto a média geral é de nove a dez vezes. Então, essa condição reduz as chances de uma gestação, mas não impede que nenhuma mulher engravide.
3 – Ingerir alimentos afrodisíacos aumenta a fertilidade.
MITO. Não existe alimentação que seja capaz de aumentar nem de diminuir a fertilidade.
4 – A posição durante a relação sexual interfere na fertilidade.
MITO. Nenhuma posição é capaz de ajudar ou atrapalhar os processos de fertilização.
5 – Problemas de fertilidade atingem mais mulheres do que homens.
MITO. A estatística é de que 40% das causas sejam masculinas, 40% sejam femininas, 10% sejam por conta da associação de dois fatores e nos outros 10% dos casos, a causa é desconhecida. Não há um gênero que seja mais responsável pela dificuldade para engravidar que o outro, as causas são as mesmas para os dois.
6 – A idade avançada só interfere na fertilidade feminina.
VERDADE. A mulher nasce com todos os óvulos que irá “usar” durante a vida inteira. Como ela não os produz, a quantidade de óvulos diminui com o passar dos anos. Isso já não ocorre com o homem, pois ele produz espermatozóides durante a vida. Ele renova seu estoque a cada 65 dias, então independentemente de um homem estar com 30, 40 ou 50 anos, seus espermatozoides vão ter validade máxima de pouco mais de dois meses. Em contrapartida, aos 30 a mulher terá óvulos com 30 anos de idade. Quando ela estiver com 40 anos, além desses óvulos também estarem mais velhos, estarão em número reduzido, já que seu estoque é fixo.
7 – O uso da pílula do dia seguinte pode levar à infertilidade.
MITO. Mas o fato da pílula não afetar a fertilidade não libera as mulheres para utilizá-la constantemente. É preciso ter em mente que ela não é um método contraceptivo, é para urgência. A pílula do dia seguinte não substitui o uso das pílulas contraceptivas, nem da camisinha.
8 – Quem já sofreu aborto tem mais dificuldades de engravidar novamente.
MITO. O aborto em si não leva à infertilidade, mas às vezes um procedimento que precisou ser realizado por causa do aborto, pode. Alguns desses procedimentos podem deixar sequelas no útero ou levar à obstrução das trompas, que então impossibilitam uma futura gravidez.
9 – Álcool, cigarro e drogas podem afetar a fertilidade.
MITO. Apesar de álcool em altas doses, cigarro e drogas fazerem mal à saúde, não há nenhum estudo que comprove que essas substâncias interfiram na fertilidade. Mas é importante lembrar que tabaco e outras drogas podem interferir no desenvolvimento da gravidez e aumentam o risco de uma malformação do bebê.
10 – O peso da mulher interfere nas chances de engravidar.
VERDADE. Mulheres que estão muito acima ou muito abaixo de seu peso ideal podem desenvolver quadros de ausência de ovulação. A falta de gordura corporal ou o excesso dela pode interferir nos hormônios que agem no ciclo menstrual, fazendo com que ela pare de ovular. Se a mulher chegar ao seu peso ideal, o processo de ovulação volta ao normal.