Doenças vasculares devem ser estudadas por todos os profissionais da saúde


27 de junho de 2018


O conhecimento de não-especialistas acerca dessas doenças é importante para reduzir os custos e as sequelas que elas acarretam

Raíssa César*

 

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As doenças vasculares, doenças que acometem o sistema circulatório em geral, são a principal causa de morte mundial, além de serem responsáveis por grande parte dos custos em saúde. É por esse motivo que o professor do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFMG, Túlio Pinho Navarro, defende que o conhecimento acerca dessas doenças não deve ser exclusivo do especialista, o cirurgião vascular.

De acordo com o professor, as doenças vasculares são extremamente prevalentes na atualidade, principalmente porque a população está envelhecendo. “Há cerca de 50 anos, por exemplo, a prevalência era de doenças infecciosas, as quais tiveram uma queda com o uso de antibióticos e com a melhoria sanitária em geral. Com isso, ficaram as doenças degenerativas, como as doenças circulatórias e o câncer”, explica.

Além disso, os altos custos provenientes das doenças circulatórias se devem, principalmente, pelas sequelas que elas geram. “Além dos custos com equipamentos diagnósticos caros, tratamentos cirúrgicos complexos, recuperações complexas (muitas delas em CTIs), existem as sequelas de longo prazo como amputações, reabilitações e necessidades especiais, que sobrecarregam financeiramente o sistema”, argumenta o professor.

Dessa forma, por se tratar de uma doença sistêmica, que afeta todo o corpo, o professor defende que outros profissionais, além do especialista, necessitam de ter treinamento e conhecimento acerca do assunto. Isso possibilitaria a prevenção secundária e evitaria as sequelas.

“O principal problema é que uma parcela expressiva dos agentes de saúde (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, entre outros) desconhece a importância e a prevalência dessas doenças, não sabendo realizar o diagnóstico e a correta abordagem que poderia levar à redução de custos e sequelas”, prossegue Túlio.

Neste contexto, o livro “Vascular diseases for the non-specialist” (Doenças vasculares para não-especialistas, em tradução livre), publicado em 2017 pelo professor, apresenta um guia baseado nas evidências atuais sobre o tema, com linguagem clara e objetiva, para que esse conhecimento seja mais difundido a todos os profissionais da saúde, inclusive graduandos.

Livro apresenta doenças vasculares para não-especialistas
O livro é uma edição internacional, em parceria com a Universidade Yale, sendo o primeiro livro da UFMG publicado em inglês pela Editora Springer, uma das maiores editoras na área da saúde em âmbito internacional.

O professor destaca que seu livro tem como público-alvo os não-especialistas, o que o difere das publicações na área até então. “No caso das doenças circulatórias, não existia bibliografia para os não-especialistas em geral”, comenta.

Desde sua publicação, o livro possui mais de 8 mil downloads na plataforma da Springer, o que o coloca na lista dos 25 mais baixados em 2017. Segundo Lígia Loiola Cisneros, professora do Departamento de Fisioterapia da EEFTO, também autora e editora do livro, tal destaque se dá porque o livro foi bem aceito pela população.

Com 32 autores de diferentes profissões, o livro traz 19 capítulos acerca do tema. O primeiro capítulo mais vendido discorre sobre pé diabético, uma condição muito frequente que leva a amputações e até mesmo ao óbito. “Como é uma condição preocupante no mundo inteiro, isso favorece a uma venda maior desse capítulo. É um capítulo multiprofissional, que contou com a participação de um médico, uma enfermeira e eu, como fisioterapeuta, sendo bem interessante não apenas para o especialista”, conclui a professora.

Saiba mais sobre o livro.

*Redação: Raissa César – estudante de jornalismo
Edição: Mariana Pires