DPOC causa tosse e falta de ar e pode ser confundida com outras doenças

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica é causada pela inalação de fumaças nocivas e é uma das principais causas de morte no mundo


08 de março de 2023 - , ,


Foto: Arquivo / Faculdade de Medicina da UFMG

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma das principais causas de morte no mundo, apesar de ser pouco conhecida. Trata-se de uma doença causada pela inalação da fumaça do cigarro e de outros compostos nocivos, que causam obstrução do fluxo de ar devido à inflamação dos brônquios e alvéolos.

Os principais sintomas são tosse e falta de ar, que são sintomas comuns de outras doenças, o que pode causar certa confusão com outras enfermidades como a asma e doenças cardíacas. Entretanto, quando eles ocorrem em pessoas que têm contato com fumaças tóxicas (cigarro, fogão a lenha e outras fumaças industriais) é preciso suspeitar do diagnóstico. Além do incômodo dos sintomas persistentes, a DPOC pode se agravar devido a redução da oxigenação do sangue e liberação de substâncias inflamatórias pelo corpo, que contribuem para a disfunção de outros órgãos.

O diagnóstico da doença inicia-se com a suspeita clínica. O exame médico pode corroborar esta suspeita e a espirometria confirma a anormalidade. A espirometria é o exame que mede o fluxo de ar expirado pelo paciente e mostra o grau de alteração do pulmão, devido ao contato com a fumaça. No exame, o paciente assopra no aparelho e assim o médico consegue avaliar o fluxo de ar pelos brônquios, que está reduzido na DPOC. “É um exame fundamental para o diagnóstico e acompanhamento do paciente, pois permite também avaliar o grau da doença, e a escolha do melhor tratamento para cada caso”, afirma o professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Ricardo de Amorim Corrêa.

Broncodilatadores estão entre os tratamentos da DPOC

O tratamento da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica envolve diversas etapas, sendo a cessação do tabagismo a primeira conduta a ser tomada. Além disso, os hábitos de vida são fundamentais durante o tratamento da doença, como uma alimentação saudável e manter-se ativo fisicamente. No caso de pacientes com sintomas persistentes apesar da cessação do tabagismo, o uso de medicamentos broncodilatadores está indicado.

De acordo com o professor Ricardo Amorim, as doenças infecciosas, como uma simples gripe, ou até a Covid-19 podem prejudicar ainda mais o quadro dos pacientes com DPOC, principalmente quando essas enfermidades acometem os brônquios. Dessa forma, o uso dos broncodilatadores previne a exacerbação, o que pode ajudar na redução do agravamento da doença.

“As exacerbações são quadros de piora aguda da doença e são frequentemente causadas por infecções brônquicas. Antibióticos, broncodilatadores e alguns anti-inflamatórios devem ser usados. A redução da taxa de exacerbações é uma meta do tratamento, pois melhora a qualidade e a sobrevida do paciente. O paciente que exacerba adoece mais e tem maior risco de morte do que os que não exacerbam. Os broncodilatadores mais modernos auxiliam muito no alcance desta meta”, pontua o professor.

Um outro ponto do tratamento envolve a reabilitação pulmonar, um programa de exercícios físicos específicos aplicado por uma equipe multiprofissional que auxilia na recuperação cardiovascular e muscular dos pacientes. A reabilitação deve ser feita por todos os pacientes, mesmo aqueles com quadros mais leves, sendo fundamental para o preparo dos mais graves que podem necessitar até de transplante pulmonar. “A equipe multidisciplinar de reabilitação inclui médicos, fisioterapeutas, psicólogo, assistente social e nutricionista, que orientam sobre todos os aspectos que envolvem o cuidado desses pacientes, como orientação nutricional, exercícios físicos, assistência psicológica e social”, aponta.

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece, há alguns anos, os tratamentos necessários para pacientes com a doença.

A importância da conscientização no combate à doença 

No Brasil, cerca de 6 milhões de pessoas têm Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, contudo apenas 12% são diagnosticados e 18% seguem o tratamento. A falta de conscientização a respeito da doença, traz consigo a baixa procura de especialistas e automaticamente, a redução de diagnósticos precoces e da cessação do tabagismo antes que a doença avance. Com uma maior conscientização é possível reduzir o número de mortes causadas pela doença, o que vem ocorrendo nas duas últimas décadas com a queda da proporção de tabagistas no país.

Para o professor Ricardo de Amorim, a conscientização sobre a doença e a sua prevenção reduzem a carga de demandas de saúde, já que os pacientes mais graves necessitam de mais consultas médicas e de internações. Os resultados esperados são uma população mais saudável, com melhor qualidade de vida e sem limitações, e a redução da carga de sofrimento do paciente e da sua família. “Uma população mais informada a respeito da DPOC facilitará a adoção de medidas importantes, sendo prioritárias a prevenção e a cessação do tabagismo. Quanto antes atuarmos, menor será a carga para o paciente, para a família e para o sistema de saúde, causada por uma doença que é absolutamente prevenível, bastando não fumar e não se expor a outras fumaças tóxicas”, finaliza o professor.