Estudantes apresentam trabalho sobre dor neuropática


27 de fevereiro de 2012


Estudantes da Faculdade de Medicina da UFMG desenvolveram trabalho apresentado no simpósio da Associação Internacional do Estudo da Dor, no início de fevereiro, nos Estados Unidos, que começa a despertar interesse de médicos do Brasil e de outros países. Thiago Robis de Oliveira e Tatiana Vaz Horta Xavier, do 11º período do curso de Medicina, fizeram uma apresentação sobre o uso experimental do sildenafil, medicamento usado no tratamento da disfunção erétil, para controlar também a chamada dor neuropática. “É um dos primeiros relatos com sucesso em humanos, só existe um trabalho semelhante na Coreia do Sul, em andamento”, afirma Thiago. O artigo sobre o caso, assinado também pela orientadora Tereza Mendes, anestesiologista do Hospital das Clínicas da UFMG, foi publicado na revista da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor

Dor neuropática

A dor neuropática é ocasionada por lesão no sistema nervoso central e/ou periférico e tem tratamento difícil em alguns casos, além de gerar limitações para o paciente. Ela se manifesta de diferentes maneiras e pode ser de forte intensidade, em forma de choques, pontadas ou associada à sensação de formigamento e queimação. O problema pode acometer cerca de 8% da população ao longo da vida, em decorrência do diabetes e da varicela, por exemplo, ou ainda no pós-operatório, dentre outras situações.

Tatiana Xavier e Thiago Robis, do 11º período de Medicina, fizeram a apresentação sobre o uso do sildenafil na dor neuropática

No artigo, os acadêmicos relataram que o uso experimental do sildenafil amenizou o sofrimento de dois pacientes que tinham quadros de dor incontrolável, atendidos no Hospital das Clínicas da UFMG. O procedimento foi realizado dentro das exigências do Comitê de Ética e Pesquisa, que já havia aprovado o uso do medicamento em diabéticos, em pesquisa anterior, desenvolvida pela orientadora Tereza Mendes. “Nossa intenção agora é transformar o trabalho em protocolo de pesquisa clínica para tornar válido o uso do medicamento e estendê-lo a um maior número de pacientes. Nós já estamos fazendo o projeto”, adianta Thiago Robis.

Os experimentos com o sildenafil no tratamento da dor neuropática começaram dentro do projeto de extensão “Dor: conceito, propedêutica e tratamento”, sob orientação do professor do departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina, Josefino Fagundes, falecido em 2010, atualmente coordenado pelo professor Renato Santiago Gomes, do mesmo departamento.