Estudo busca avaliar se mudanças de rotina das crianças e adolescentes na pandemia impactam a saúde mental

Pesquisa está na segunda fase e é importante que o máximo de pais participem para que resultados sejam representativos da população brasileira.


18 de fevereiro de 2021 - , , , , , , ,


Pesquisa avalia impactos do aumento do tempo prolongado de tela e outras mudanças da rotina de crianças e adolescentes durante enfrentamento da pandemia. Foto: Pixabay

Um estudo da Faculdade de Medicina da UFMG busca compreender sobre as mudanças de rotina das crianças e adolescentes do Brasil durante a pandemia de covid-19 e os impactos em relação à saúde mental dessa população. Para isso, os pesquisadores convidam pais com filhos de 6 a 17 anos para participar. Esta é a segunda fase de aplicação do questionário online, que ficará disponível até o próximo mês, e pode participar quem respondeu ou não na etapa anterior.

Acesse o questionário aqui.

“No início da pandemia, no mês de maio e junho, perguntamos como as crianças e adolescentes estavam, como usavam as mídias sociais e os jogos, qual era o tipo de relação com essas mídias e quais sintomas apresentavam”, conta a professora Débora Miranda, do Departamento de Pediatria da Faculdade, que coordena o estudo junto ao professor Leandro Malloy Diniz, do Departamento de Saúde Mental. “Estamos repetindo essas perguntas cerca de seis meses depois e assim faremos em outras duas ondas, a fim de caracterizar como foi a evolução por esse período longo, sem escolas, com os pais em home office e sem outras atividades relacionadas à socialização”, completa.

De acordo com a professora, é preciso entender como as crianças e adolescentes estão preenchendo suas rotinas, já que se sabe sobre uma importante parcela ter enfrentando uma grande ruptura na continuidade dos estudos ou mesmo ter abandonado. E, mais do que isso, entender os impactos dessas novas rotinas, com o objetivo de antever os problemas enfrentados e propor o que deve ser feito.

“O tempo de tela tão prolongado é algo que tem emergido, é novo, nunca aconteceu em situação de pandemia, então não se sabe sobre seus efeitos, ainda mais sendo usado por tanta gente. Já é esperado que haja aumento de miopia e depressão, por exemplo. Mas é necessário avaliar efetivamente o impacto dessas condições até então não vividas pela sociedade”

Débora Marques de Miranda   

Na primeira vez em que o questionário foi disponibilizado, em maio e junho de 2020, participaram cerca de mil famílias e, segundo Débora, é importante que o máximo de pais responda, a fim de ter resultados mais representativos da população.

“Sabemos que há muitas particularidades no enfrentamento da pandemia. Precisamos saber qual é o impacto para a saúde mental em todas as faixas etárias e grupos populacionais. Então, esperamos que o máximo de pessoas participem e divulguem, pois quanto mais pessoas, melhor será para termos informações sobre como está sendo esse enfrentamento na população brasileira”, ressalta Marques.

Os resultados do estudo ajudarão a desenvolver ações específicas para prevenir os efeitos negativos em médio e longo prazos, além de indicar como essa população deve enfrentar tais situações estressantes, durante e depois da pandemia.

Além da coordenação e de outros pesquisadores da Faculdade de Medicina, a pesquisa conta com pesquisadores da Associação Psiquiátrica da América Latina, Associação Brasileira de Psiquiatria e Associação Brasileira do Déficit de Atenção.