Estudo da UFMG investiga como população negra lida com sofrimento físico e mental

O trabalho traz para a academia experiências sobre a realidade dos jovens em condição de criminalidade nas comunidades e dos coletivos de mulheres negras da periferia.


30 de novembro de 2020 - , , , ,


Manifestação da Rede Mães de Luta MG em março deste ano no centro de BH
Manifestação da Rede Mães de Luta MG em março deste ano no centro de BHArquivo pessoal

A população negra é exposta, diariamente, a uma série de violências. Na educação, a taxa de analfabetismo da população negra é o dobro da população branca. No trabalho, mesmo a maior parte da força laboral brasileira sendo negra, pretos e pardos são menos da metade dos ocupantes dos cargos gerenciais e têm salários menores do que os das pessoas brancas. Na segurança pública, outro dado preocupante: os jovens pretos e pardos são maioria entre as vítimas de homicídio. Uma pessoa negra tem 2,7 vezes mais chances de ser vítima de homicídio intencional do que uma pessoa branca. 

Diante desse cenário, quais são então as redes de tratamento e suporte para essa parcela da população e como elas lidam com tanto sofrimento físico e mental? Essas são algumas das questões investigadas na dissertação de Cristiane Ribeiro, psicóloga psicanalista e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde e Prevenção da Violência da Faculdade de Medicina da UFMG.

Moradora do Morro das Pedras, aglomerado na região oeste de Belo Horizonte, e ativista de movimentos raciais e de gênero, Cristiane traz para a academia experiências sobre a realidade dos jovens em condição de criminalidade nas comunidades e dos coletivos de mulheres negras da periferia e analisa as dimensões políticas e subjetivas dos caminhos construídos por essas pessoas para driblar os impactos das violências do racismo. 

Subvertendo a lógica acadêmica de pesquisador e objeto, ela inclui sua própria experiência e a dos sujeitos pesquisados num lugar de autoria. Uma das experiências abarcadas pela pesquisa é a do coletivo Mães de Luta de Minas Gerais, que surge para o acolhimento de mulheres em condição de sofrimento. Saiba mais no novo episódio do Aqui tem ciência.

Raio-x da pesquisa
Título original:  “TORNAR-SE NEGRO, DEVIR SUJEITO: uma investigação psicanalítica acerca das reverberações clínicas e políticas do racismo”.

O que é: Estudo que avalia a forma como o racismo presente na vida das pessoas negras é tratado pelas teorias da psicanálise e as possíveis maneiras/saídas criadas pela população preta e parda para lidar com questões de sofrimento mental

Ano da defesa: 2020

Programa de pós-graduação: Promoção da Saúde e Prevenção da Violência da Faculdade de Medicina

Orientador: Cristiane de Freitas Cunha Grillo

Assista a defesa da pesquisadora.

Cristiane faz parte de grupos de apoio à mulheres negras
Cristiane faz parte de grupos de apoio à mulheres negrasArquivo pessoal

O episódio 43 do programa Aqui tem ciência é apresentado e produzido por Breno Benevides, com edição de Paula Alkmim e trabalhos técnicos de Breno Rodrigues.

O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos da UFMG e busca abranger todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe da Rádio UFMG Educativa apresenta os resultados do trabalho de um pesquisador da Universidade. 

Aqui tem ciência fica disponível em aplicativos de podcast como o Spotify e vai ao ar na frequência 104,5 FM, às segundas, às 11h, com reprises às quartas, às 14h30, e às sextas, às 20h.