Faculdade de Medicina da UFMG completa 110 anos com pensamento no futuro

Com ações exclusivamente remotas, Instituição aproxima gerações de profissionais, cientistas e estudantes, sem se esquecer da crise sanitária provocada pela pandemia de covid-19.


05 de março de 2021 - , , , ,


Neste dia 5 de março a Faculdade de Medicina da UFMG completa 110 anos de sua fundação. Pautada em reverenciar o passado e fazer uma projeção para o futuro, a Instituição realiza atividades comemorativas exclusivamente a distância, devido a crise sanitária decorrente da pandemia de covid-19.

Com tema “110 anos de futuro”, as ações incluem série de conferências pelo Youtube, site com linha do tempo, selo comemorativo e divulgação nas redes sociais. Professores, servidores, alunos e egressos dos cursos de Medicina, Fonoaudiologia e Tecnologia em Radiologia puderam se acolher e reforçar os laços de comunidade, mesmo a distância.

Em mensagem voltada à comunidade, a reitora da UFMG, Sandra Goulart, parabeniza a Faculdade e lembra que a Medicina é uma casa com bela história, que orgulha a todos na Universidade. “É uma história de defesa da liberdade, da democracia, bem como do direito à saúde e defesa do SUS”, indica. 

Ela destaca a luta pelos valores da Instituição, que conduziram a atuação durante a crise da “gripe espanhola”, em 1918 – quando a unidade converteu-se em hospital de campanha para atender demandas da população mais carente. “No presente, também em momento tão adverso, vemos uma Faculdade de excelência, dinâmica, diversa. Uma das mais antigas, maiores e melhores faculdades de medicina do país, também com curso de fonoaudiologia e radiologia. Hoje ela faz o mesmo que em 1918. A UFMG faz o que se espera dela, assim como a Faculdade de Medicina. Um trabalho exemplar no enfrentamento da covid-19, com toda a sua comunidade mobilizada”, celebra.

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O momento é mais uma prova da inserção social da Faculdade. “Sempre fez parte de nossa tradição estar na linha de frente no combate de doenças em nosso país. Foi assim durante a Grande Gripe, em 1918,  ou ainda, propondo novas práticas de abordagem da saúde pública, como a implantação do Internato Rural, contribuição tão importante para construção do SUS – um sonho realizado que hoje se mostra nossa maior estratégia de enfrentamento à pandemia do SARS-CoV 2”, afirma o diretor Humberto José Alves.

Ele lembra que, logo no início da pandemia, a Instituição abriu mais de 30 projetos de extensão que não só buscavam esclarecer as dúvidas da população, como também dar apoio psicológico aos profissionais de saúde. Além das ações de extensão, foram estabelecidas uma rede de formação por meio de cursos, produção de material e projetos de extensão que chegaram ao interior de Minas e até mesmo em outro país, em Moçambique.

“Nossa comunidade acadêmica também iniciou diversas pesquisas sobre os impactos da covid, não só na saúde física, mas também mental dos pacientes e população em geral. Participamos ativamente em exames de testagem e de vacinas”, aponta. 

A vice-diretora da Faculdade, Alamanda Kfoury, ressalta o protagonismo e o compromisso com a ciência e a sociedade. “É uma oportunidade para reverenciar nosso passado altivo de lutas e conquistas, nosso compromisso inabalável com a ciência, com a responsabilidade social, com o meio ambiente, ancorados nos pilares do ensino, da pesquisa, da extensão. E também, reafirmar nosso protagonismo frente aos grandes desafios da nossa sociedade na área da saúde”, defende. 

Segundo ela, o futuro será encarado pela Faculdade com excelência baseada no respeito e na diversidade, na inclusão, no bem coletivo e na prática solidária como bens fundamentais de nossa humanidade. 

Em março de 1911, a Escola de Medicina de Belo Horizonte é criada pela Sociedade Médico-Cirúrgica de Minas Gerais. A instituição era a terceira implantada no Brasil e sua sede era um palacete no centro da capital mineira.

Em 1927, a Escola de Medicina, junto com as outras três escolas de nível superior da cidade à época, passou a constituir a Universidade de Minas Gerais: Faculdade de Direito, Escola de Engenharia e Escola Livre de Odontologia, que incluía o curso de Farmácia. 

Foi em 1949 que a Universidade de Minas Gerais se federalizou. Em 1965 passou a se chamar Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Conheça mais dessa história no site dos 110 anos e no site do Cememor.

Construída a muitas mãos

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Nessa jornada, muitas pessoas dedicaram esforços para consolidação dos avanços científicos, estruturação do SUS e formação de novos profissionais. O resultado do trabalho de professores, servidores técnico-administrativos, alunos e trabalhadores terceirizados é a excelência de uma das mais importantes instituições de ensino do país.

Há 36 anos servidor da Faculdade, Sérgio Corrêa se orgulha do papel desempenhado e dos resultados do trabalho em equipe. “Com muita honra trabalho aqui. É uma das melhores instituições do Brasil e faço que cada dia cresça mais. É uma gratidão imensa que tenho. Parabéns pelos 110 anos! Agradeço a todos aqueles que fizeram parte dessa construção”, felicita.

Para os alunos, a educação de qualidade se destaca. Muitos cultivam o sonho de entrar na UFMG antes mesmo do fim do ensino médio. O estudante do quinto período de Medicina, José Henrique Paiva, aponta que os benefícios da reputação e tradição da Faculdade de Medicina se ampliam também para oportunidades na pesquisa, extensão e até na vida profissional.

“Estudar em uma instituição que tem todos os cursos com nota 5 no ENADE, que é destaque nacional em qualidade do ensino, que oferece diversas oportunidades em ensino, pesquisa e extensão, e que é realmente comprometida com as reais necessidades do SUS é um grande privilégio e motivo de muito orgulho para nós estudantes”

José Henrique Paiva


Ele lembra, ainda, do histórico de participação do corpo discente na construção da realidade atual da Instituição. “Os primeiros registros oficiais de representação estudantil na Faculdade de Medicina são datados de 1913, apenas dois anos após a criação. Os estudantes sempre se articularam em busca de melhorias na estruturação física e acadêmica dos cursos, em 1956 por exemplo, entraram em greve exigindo cadeira nos órgãos deliberativos e, em 1977, sediamos o memorável 3° Encontro Nacional dos Estudantes, reunião que reorganizou as lideranças estudantis para enfrentamento do regime ditatorial. Mais recentemente, é preciso destacar o papel decisivo dos estudantes nas reformulações dos currículos, na luta contra cortes de financiamento para a Faculdade e, agora, nas adaptações para ensino remoto/híbrido”, destaca.

A ex-aluna Polyana Gitirana Guerra Rameh, da turma 126, também deixou mensagem à comunidade, lembrando os egressos que ajudaram a sedimentar a Faculdade de Medicina:

Por seus corredores “sofri o grave frio dos medos” à sombra de Guimarães Rosa.
Tal qual Pedro Nava, reviramos o “Baú de ossos” da Anatomia ao Internato de Cirurgia.
A exemplo de Juscelino sofremos mas aprendemos a “voltar atrás e não ter compromisso com o erro”.
Ninguém entra por aquela porta sem driblar dificuldades e honrar o exemplo de Tostão.
Ao fim de 6 anos, de peito estufado, cruzamos uma última vez o átrio do Salão Nobre na ilusão de podermos levar seu nome ainda mais alto (…) para anos mais tarde surpreendemo-nos em constatar que bastava nos cercamos dos bons e deixarmos que os “talentos individuais iluminem o coletivo”!
Minha saudosa Faculdade de Medicina da UFMG, parabéns pelos seus 110 anos de história!

Outras ações

Uma das ações relacionadas aos 110 anos da Faculdade foram as Webconferências do Saber, série de lives promovidas com expoentes da saúde, onde os 12 departamentos da Instituição discutiram os temas mais atuais de suas áreas. Contando com a abertura, foram 13 eventos desde julho de 2020, com encerramento no dia 24 de fevereiro de 2021.

Nos eventos, sempre ao vivo, foram debatidos temas como os efeitos adversos dos canabinóides na saúde mental, a inteligência artificial na saúde, o desenvolvimento na primeira infância, o aborto, a uberização do trabalho, entre outros. 

As 13 edições podem ser assistidas através da playlist disponível no YouTube.

Além dos eventos remotos, foi lançado um site dos 110 anos, que conta parte da história da Faculdade em imagens. Outra iniciativa, o selo comemorativo de 110 anos está acompanhando a marca da Faculdade nas assinaturas durante o ano de comemorações. As ações são definidas por uma comissão, formada por representantes de professores, técnico-administrativos e discentes.

Dez anos após o centenário, os novos alunos renovam a história da Faculdade, que sempre teve o pensamento no futuro. Neste semestre, a recepção foi realizada a distância – assim como estão sendo realizadas as aulas teóricas -, em razão da pandemia de covid-19 e o Ensino Remoto Emergencial (ERE), seguindo plano da UFMG. Eles também foram ambientados com o vídeo institucional comemorativo feito à época dos 100 anos.


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