Falta de conhecimento ainda é entrave para inclusão

Núcleo da Faculdade de Medicina oferece cursos gratuitos sobre os direitos das pessoas com deficiência


11 de outubro de 2019 - , , ,


*Guilherme Gurgel

Foto: Pixabay.

Mais de 45 milhões de brasileiros tem algum tipo de deficiência, segundo dados do IBGE. Apesar do número impressionar, a falta de conhecimento sobre o tema e o preconceito tornam restrita a inclusão dessas pessoas. “Todos devem participar na garantia e construção de direitos da pessoa com deficiência. É importante instruir a sociedade e vencer os preconceitos”, defende Edison Correa professor e vice-diretor do Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (Nescon), que oferta cursos gratuitos sobre os direitos e saúde da pessoa com deficiência.

O material foi sistematizado a pedido do Ministério da Saúde e está disponível na biblioteca virtual do Nescon. São quatro cursos voltados para atualização dos profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS), mas também estão disponíveis para o público em geral. Os conteúdos são autoinstrucionais e sem direitos autorais, ou seja, são livres para quem desejar reproduzir o material para uma escola, clínica, ou uso próprio.

Inclusão

O Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Física, celebrado em 11 de outubro, é uma oportunidade para a reflexão sobre inclusão. Para Edison, a educação é um dos setores essenciais para isso. “As pessoas com deficiência têm que conviver com as outras crianças desde a fase escolar. O acesso à escola é um direito, inclusive à escola pública e normal”, destaca.

Outro fator importante é o acompanhamento da pessoa desde a infância. “Se já for feita uma recuperação, tem um resultado muito melhor do que com uma pessoa que já tenha muitas sequelas”, avalia. Mas, Edison acredita que o cuidado vai além da reabilitação, já que “a pessoa com deficiência tem direitos, deveres e toda uma relação social a ser construída”, ressalta.

Essa construção social já inicia nas relações familiares. Para o professor, quando se fala em pessoa com deficiência, tem também uma família com deficiência. “Por isso, é importante pensar em como é construída a relação de toda a família, porque muitas vezes a responsabilidade fica somente na mão da mulher”, afirma.

A diversidade das pessoas com deficiência

Os graus de deficiência são muito variados e, para o professor Edison, a identificação correta também faz parte da inclusão social. “Uma paralisia cerebral pode causar deficiências motoras e neurológicas graves, mas, por exemplo, alguns casos na visão, podem ser resolvidos com o uso de óculos”, exemplifica. Segundo ele, o reconhecimento pode acontecer tanto em um ambulatório médico, quanto nas escolas.

Terminologia inclusiva

– Pessoa com deficiência: este é o termo técnico adequado, já que reforça o indivíduo acima de suas restrições. A pessoa com deficiência é, acima de tudo, uma pessoa.

– Portador de deficiência: implica em algo que se “porta”, que é possível se desvencilhar quando desejado.

– Necessidades especiais: este termo se aplica a todos, tendo ou não uma deficiência. Qualquer pessoa tem “necessidades especiais”.

Independente do grau ou deficiência que a pessoa tenha, toda essa diversidade precisa estar referida pelo nome adequado. Os termos são sensíveis a mudanças e seus significados incorporam novas abordagens.

Uso Terapêutico de Tecnologias Assistivas: direitos das pessoas com deficiência e visão: Neste curso você encontra os conceitos básicos que fundamentam a atenção à pessoa com deficiência visual e aspectos referentes à habilitação e reabilitação visual, o uso de recursos ópticos, eletrônicos, não ópticos e não visuais e o uso da prótese ocular, quando se fizerem necessários.

Uso Terapêutico de Tecnologias Assistivas: direitos das pessoas com deficiência e habilidade física e motora: Este curso promove uma discussão sobre os aspectos relacionados à prescrição, adaptação e reabilitação das tecnologias assistivas nas deficiências físicas. As Tecnologias Assistivas proporcionam maior integração em sociedade, permitem a inserção no mercado de trabalho, facilitam o deslocamento e podem evitar a progressão de deformidades.

Uso Terapêutico de Tecnologias Assistivas: direito das pessoas com deficiência e audição: Nesta unidade são esclarecidos os princípios e critérios utilizados para a indicação e adaptação de aparelhos de amplificação sonora individual (AASI), também chamados de próteses auditivas, e os dispositivos auxiliares de audição ou tecnologias assistivas de amplificação sonora.

Uso Terapêutico de Tecnologias Assistivas: direitos das pessoas com deficiência e ampliação da comunicação: Neste curso é possível conhecer os principais recursos e equipamentos de Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) e recursos de acessibilidade ao computador. Com a aplicação dos conceitos relacionados à CAA, o objetivo é possibilitar a utilização da linguagem para a pessoa se comunicar e se constituir como sujeito ativo no mundo.

Guilherme Gurgel – estagiário de Jornalismo
Edição – Vitor Maia